Temer defende plebiscito por reforma política
Vice-presidente concordou com o argumento defendido pela presidente Dilma, de convocar um plebiscito para a reforma
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2014 às 21h59.
São Paulo - O vice-presidente Michel Temer (PMDB) afirmou nesta quinta-feira que é a favor da convocação de um plebiscito para a reforma política , assim como vem defendendo a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT).
Segundo ele, realizar uma reforma nesta área é uma tarefa "dificílima", porém "indispensável".
"Só se faz (reforma política) se nós tivermos uma consulta popular que se diga o que o povo quer em matéria de política: se quer voto proporcional, voto distrital, voto majoritário, se quer financiamento publico ou não", disse, durante palestra para apresentar as propostas da chapa presidencial na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em São Paulo.
Temer reconheceu inclusive que o atual modelo de financiamento de campanhas constrange o empresariado.
"Imagino que os empresários sofrem com o assedio para conseguir recursos para campanha", disse a plateia formada por diretores da entidade e empresários ligados ao setor de bens de capital.
Para o vice-presidente, a reforma política "que importa é de uma reformulação dos costumes políticos no País".
"Só se consegue isso se tivermos uma manifestação popular que diga 'eu quero isso'", reforçou, destacando que o a consulta deve ter de 5 a 6 perguntas.
Temer negou que a convocação de um plebiscito desmereceria o trabalho do Congresso Nacional.
"Quem convoco o Plebiscito é o Congresso. Quem formula as questões é o Congresso. E depois de consultado povo, quem formata o projeto final é Congresso", afirmou. "É uma amálgama entre a democracia direta e indireta, que seria muito útil para o nosso País."
Lembrando a origem da fundação de partidos políticos, na época da ditadura, Temer afirmou que hoje "não existem partidos políticos e sim siglas partidárias".
Ele aproveitou o discurso para alfinetar a candidata oposicionista Marina Silva (PSB), que aparece empatada tecnicamente com a presidente Dilma nas intenções de voto.
Ao defender que é preciso respeitar as instituições, Temer afirmou que a campanha eleitoral é um momento importante para se debater o futuro do País e que não se pode imaginar um governo apenas "com pessoas".
"As pessoas são transitórias, episódicas, hoje eu sou vice-presidente amanhã posso não mais sê-lo. Como pode ser a presidente Dilma ou pode não ser a presidente Dilma", afirmou.
Antes de começar sua fala, Temer ouviu um mapeamento do setor de bens de capital feito pelo presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, com algumas reivindicações do setor.
O vice-presidente disse que era importante ver que a entidade apesar de ter demandas, também reconhece o trabalho que tem sido feito pelo governo. Ao comentar a fala de Pastoriza, Temer admitiu que a sua chapa pode perder a eleição.
"O governo tem planos e planos que logo se viabilizarão. Deve começar neste governo e espero que possa continuar no próximo governo, que venha a ser o nosso. Mas se não for o nosso, se começar agora também não vai parar no próximo governo", disse.
Reforma tributária
Temer disse ainda que reconhece a necessidade de uma reforma tributária e disse que diante da impossibilidade de conseguir criar um sistema tributário uniforme, o governo foi fazendo uma "reforma fatiada".
Ao comentar as desonerações oferecidas a determinados setores ele ponderou que isso aconteceu justamente "em função da ideia de que uma reforma sistêmica é dificílima de se fazer, o que seria o ideal". "Fomos fazendo reformas pontuais, como a desoneração do IPI", exemplificou.
Segundo ele, manter esses tipos de desonerações são "uma drama para o governo". "Quando você desonera e o governo recebe menos dinheiro você afeta a estrutura dos Estados e municípios", disse, referindo-se ao repasse federal aos entes.
Apesar disso, ele destacou que o objetivo do governo é continuar "privilegiando a produção no País". "Por isso que pouco a pouco vai desonerando setores, para garantir a produtividade, para garantir a produção nacional", afirmou.