MICHEL TEMER: ele vai conseguir fazer os ajustes difíceis e agradar os interesses das categorias? / Ueslei Marcelino / Reuters (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2016 às 06h07.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h18.
Dois acontecimentos de hoje devem conferir uma nova dinâmica ao Congresso. O presidente do Senado Renan Calheiros marcou para esta quarta-feira a resposta sobre a abertura do processo de impeachment contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal decide se aceita a segunda denúncia contra o deputado Eduardo Cunha, dessa vez pelas contas que ele possui na Suíça.
Especialistas ouvidos por EXAME Hoje apostam que Calheiros deve engavetar o impeachment devido aos desdobramentos institucionais. O aceite colocaria o PMDB do Senado, atingido até a medula pelas últimas denúncias da Lava-Jato, em rota de colisão com o Ministério Público Federal. Mas o simples fato de o presidente do Senado demonstrar que poderia aceitar o pedido mostra que o Congresso começa a defender seus interesses de forma mais ativa.
Com Cunha, a história é diferente. O provável é que o Supremo aceite a denúncia da procuradoria e que o deputado se torne réu pela segunda vez. Como o assunto – as contas na Suíça – é o mesmo que pode levar à cassação na Câmara, seus argumentos de salvação ficam ainda mais enfraquecidos. O maior pesadelo de Cunha – perder o mandato e cair nas mãos do juiz Sergio Moro em Curitiba, está cada dia mais próximo.
O governo Temer quer aproveitar a deixa e trabalha para fazer com que o “Centrão” e o DEM e o PSDB se unam na disputa pela presidência da Câmara depois que Cunha cair. “Paradoxalmente, conforme a operação se aproxima do Congresso, a base aliada de Temer pode se unir, tanto para se proteger, como para ajudar o governo”, diz Christopher Garman, diretor da consultoria política Eurasia. Seria um improvável efeito benéfico da Lava-Jato para o interino.