Brasil

TCU quer cancelar negócio de R$ 1,2 bi entre Caixa e IBM

O Tribunal de Contas da União determinou à Caixa que dê fim a parceria que firmou com a IBM, o que implicaria em um contrato de R$ 1,2 bilhão


	Caixa: o processo, que tramitava no TCU há mais de dois anos, diz respeito a um acordo firmado entre a Caixa e a IBM para prestação de serviços
 (Tânia Rêgo/ABr)

Caixa: o processo, que tramitava no TCU há mais de dois anos, diz respeito a um acordo firmado entre a Caixa e a IBM para prestação de serviços (Tânia Rêgo/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2015 às 17h01.

Brasília - O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou à Caixa Econômica Federal que dê fim a uma parceria que firmou com a multinacional de tecnologia IBM, negócio que implicaria em um contrato de R$ 1,2 bilhão.

O processo, que tramitava no TCU há mais de dois anos, diz respeito a um acordo firmado entre a Caixa e a IBM para prestação de serviços pela empresa de tecnologia ao banco público.

A contratação da IBM para execução de serviços foi viabilizada a partir da constituição de uma nova empresa criada pela própria Caixa, em sociedade com a IBM. Depois de criada a empresa, a contratação foi feita com dispensa de licitação.

O entendimento é de que criação da nova empresa foi claramente motivada para contratar especificamente a IBM, sem ter que submeter o processo à concorrência pública. O TCU julgou irregular a criação da sociedade, por entender que suas motivações eram, claramente, favorecer uma empresa específica.

No ano passado, o caso já havia sido julgado irregular pelo Ministério Público junto ao TCU, que desaprovou a contratação de uma empresa controlada pela IBM para tocar um projeto de processamento e originação do crédito imobiliário da Caixa. À época, o subprocurador-geral do Ministério Público Lucas Furtado afirmou que a contratação "não pode ser realizada" sem a devida licitação no mercado.

O negócio entre a Caixa e a IBM foi viabilizado com a criação da empresa Branes, criada originalmente por um escritório de contabilidade paulista com capital social de R$ 500, para logo em seguida passar a ser controlada pela IBM.

A área técnica do tribunal julgou a transação como "ilegal" e "viciado de origem".

O contrato foi suspenso em 2013 pelo TCU.

A Caixa defendeu a contratação da Branes por ter participação direta e indireta de 49% na empresa por meio do seu braço de participações, a CaixaPar, e da Funcef, o fundo de pensão dos funcionários do banco. Como sua "controlada", a empresa poderia ser contratada com dispensa de licitação.

Mas, segundo o TCU, a Branes é uma controlada da IBM, que detém 51% das ações e maioria no conselho de administração e na diretoria. A empresa seria uma "coligada" da Caixa, situação em que é mais restrito o grau de poder e influência do banco estatal.

O TCU considerou que, na verdade, a Caixa usou uma controlada pela IBM para adquirir produtos, serviços e a "expertise" da multinacional sem passar pelo crivo da Lei de Licitações. Para o MPF, houve "um drible" na legislação.

A transação entre a Caixa e a IBM teve início em 2012. Naquele ano, foi viabilizada com a aquisição, pela Caixa, de uma "empresa de prateleira", um CNPJ que pertencia a um escritório de contabilidade localizado no bairro dos Jardins, em São Paulo.

Por R$ 7 mil, a Caixa adquiriu em maio de 2012 o CNPJ da empresa MGHSPE Empreendimentos.

No mês seguinte, a IBM entrou na transação e, em junho, passou a ter 51% da composição societária da MGHSPE, que passaria a se chamar Branes.

Em agosto daquele ano, a Caixa publicou um "extrato de dispensa de licitação", contratando a MGHSPE por R$ 1,194 bilhão, para "prestação de serviços de operacionalização de originação do crédito imobiliário" pelo prazo de 60 meses.

À época, a empresa possuía capital social de R$ 500.

O ministro André Luis de Carvalho chegou a pedir vista do processo, mas o posicionamento de uma série de ministros a favor de Bruno Dantas fez com que Carvalho mudasse de ideia e liberasse a decisão. Carvalho chegou a defender a postura ética da IBM e afirmou que não viu falhas que atrapalhassem o negócio e registrou voto oposto aos demais.

Acompanhe tudo sobre:BancosCaixaEmpresasEmpresas americanasempresas-de-tecnologiaFinançasIBMServiçosTCUTecnologia da informação

Mais de Brasil

Após jovem baleada, Lewandowski quer acelerar regulamentação sobre uso da força por policiais

Governadores avaliam ir ao STF contra decreto de uso de força policial

Queda de ponte: dois corpos são encontrados no Rio Tocantins após início de buscas subaquáticas

Chuvas intensas atingem Sudeste e Centro-Norte do país nesta quinta; veja previsão do tempo