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Tarso quer aliança com PMDB e PDT em 2º turno no RS

Candidato do PT já está traçando a sua estratégia para o segundo turno com Ana Amélia Lemos

Tarso Genro (PT) faz caminhada no comércio da Voluntários da Pátria, em Porto Alegre (Caco Argemi/UPPRS)

Tarso Genro (PT) faz caminhada no comércio da Voluntários da Pátria, em Porto Alegre (Caco Argemi/UPPRS)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2014 às 21h33.

Porto Alegre - A quatro dias da eleição, o governador licenciado do Rio Grande do Sul e candidato à reeleição, Tarso Genro (PT), já traça sua estratégia para o segundo turno com Ana Amélia Lemos (PP) - cenário mais provável de acordo com as pesquisas de intenção de votos.

Em entrevista exclusiva ao Broadcast e ao jornal O Estado de São Paulo, ele disse que buscará o apoio do PDT e também do PMDB, que são aliados do PT em nível nacional, mas apresentaram candidatura própria no RS.

"Em relação ao PDT, vamos procurá-los diretamente aqui, porque o partido estava no meu governo, teve três secretários competentes. Com eles temos motivos mais imediatos de aproximação. Mas também queremos uma aproximação com o PMDB, a partir de uma relação nacional que possa ser projetada aqui para o Estado", disse.

Tarso também afirmou que não vê espaço para enxugar a máquina pública, e defendeu sua proposta - criticada pelos adversários - de continuar endividando o Estado na tentativa de impulsionar o crescimento, apesar da dificuldade do Rio Grande de arcar com uma dívida de mais de R$ 50 bilhões.

"Ou o Estado funciona da maneira que nós estamos gerenciando ou ele não funciona. Ele para. A nossa opção é diferente da defendida pela Ana Amélia. Ela olha o Estado a partir da óptica da redução dos gastos públicos e da tentativa, na minha opinião equivocada, de sair desse drama financeiro através de métodos ortodoxos", argumentou.

O Rio Grande do Sul nunca reelegeu um governador e, para quebrar esta tradição, Tarso aposta na herança deixada pelo alinhamento com a administração federal.

"Do governo do presidente Lula para cá, e acentuadamente no governo da Dilma, aumentaram muito os investimentos da União aqui no Estado", explicou. Segundo ele, nos últimos anos o RS teve a chance de fazer uma reorganização informal do pacto federativo.

"Isso nos dá a oportunidade de convencer o povo gaúcho de que o novo nesta eleição não é uma candidatura que vem de fora da política, mas é a continuidade de um projeto que começou a mudar o Estado." Veja os principais trechos abaixo:

Broadcast Político - A dívida pública do Rio Grande do Sul, de mais de R$ 50 bilhões, é um ponto chave da campanha, e o senhor tem sido criticado por financiar gastos com recursos do sistema de Caixa Único do Estado e com saques dos depósitos judiciais. O que tem a dizer a respeito?

Tarso Genro - Temos uma herança, um passivo da dívida pública, além de uma renegociação extorsiva de 15 anos atrás. Isso levou ao o Rio Grande a uma situação financeira grave.

Ou o Estado funciona da maneira que nós estamos gerenciando ou ele não funciona. Ele para. A nossa opção é diferente da defendida pela Ana Amélia.

Ela olha o Estado a partir da ótica da redução dos gastos públicos e da tentativa, na minha opinião equivocada, de sair desse drama financeiro através de métodos ortodoxos. Nós temos uma Lei de Responsabilidade Fiscal, que estamos obedecendo.

A minha tese é sair (da atual situação financeira) crescendo, e fazendo gastos fortes em saúde, educação e segurança.

Qualquer outra visão nos levaria a uma situação de impasse, como ocorreu com o governo da Yeda Crusius (PSDB), que não tinha políticas sociais, não tinha política de agricultura familiar, de complementação de renda, etc.

- A solução dos problemas financeiros passa pela reestruturação da dívida com a União. A candidata Ana Amélia diz que a votação no Senado corre o risco de não sair, que pode haver um componente eleitoral envolvido na promessa de votação...

Tarso - A presidenta Dilma Rousseff (PT) deu entrevista e confirmou que existe o acordo para votar o projeto (de renegociação) em novembro.

O adiamento da votação foi determinado não por natureza eleitoral, mas por uma visão da Fazenda, que dizia que votar naquele momento (2013) suscitaria desconfiança das agencias de risco, o que, na minha opinião, se demonstrou um equívoco do meu querido amigo, ministro Guido Mantega.

O projeto (de renegociação) já foi aprovado na Câmara, em todas as comissões, e vai para o Plenário agora para votação. E, se a oposição retirar o apoio, o governo tem maioria para aprovar.

Quem vinculou essa questão ao processo eleitoral foi a Ana Amélia ao dizer que se eu não ganhar a eleição o projeto poderia não ser votado. Eu ganhe ou perca sou a favor de votar, porque isso interessa para o Rio Grande, não para o meu governo em particular.

- Esse projeto de reestruturação da dívida vai permitir aumentar a capacidade de endividamento do Estado?

Tarso - Essa é nossa estratégia, abater R$ 15 bilhões (da dívida), o que nos permite um empréstimo de R$ 3 bilhões a juros mais baixos do que estão sendo pagos hoje.

Portanto é duplamente vantajosa essa votação. Reduz a dívida e abre um espaço fiscal novo, e já estamos negociando com as agências internacionais e nacionais de onde vêm os recursos.

Qual é o segundo passo? Trabalhar em outro projeto, para diminuir de 13% para no mínimo 9% os repasses mensais da amortização, ou seja, o comprometimento da receita estadual com o pagamento da dívida à União.

- Não vê espaço para enxugar a máquina pública de alguma forma?

Tarso - Sem cargos de confiança você não toca a máquina pública. Nós não temos CCs em excesso aqui no RS. Temos o número de cargos de confiança necessários.

Não vejo espaço para enxugar a máquina pública. Haverá alguma reorganização para adaptá-la a um segundo governo.

Nesse processo podemos reduzir alguns cargos que forem desnecessários. Mas isso não será feito em função da poupança de recursos resultante disso, que é irrisória.

- O senhor atribui o novo momento das pesquisas, em que há um empate com a Ana Amélia, aos ataques feitos à campanha dela? Ao fato de ela ter sido CC no gabinete do marido entre 1986 e 1987, enquanto era funcionária da RBS, por exemplo?

Tarso - Este é um fator, porque ela fica conhecida como uma pessoa que tem relação política, que tem histórico político, assim como todos nós. No caso concreto da Ana Amélia, ela se nega a explicar.

Até hoje não disse se trabalhou ou não (no gabinete do marido no Senado). Agora não é por isso que está havendo uma mudança nas pesquisas. A nossa militância no Rio Grande do Sul não é paga, vai para as ruas nos últimos 15 dias.

A nossa campanha começou a se movimentar quando eu me licenciei (na metade de setembro). E conseguimos mostrar que a Ana Amélia não tem nada de novo.

Ela tem uma visão de gestão e de política determinada. As informações que nós temos de pesquisa e de tracking é mostram que já ultrapassamos ela neste momento. Vamos ver se isso se confirma.

- O RS nunca reelegeu governadores, e o senhor tem a chance de quebrar esta regra. Por que perdura esta tradição? É o problema da dívida do Estado, que não melhora?

Tarso - Contemporaneamente sim, a questão da dívida influi muito, mas (a não reeleição) é uma questão histórica.

Os grandes líderes do Rio Grande do Sul, como Getúlio Vargas, como João Goulart na época que militou politicamente aqui, tiveram uma relação de complementaridade e divergência na relação com a União, para defender os interesses do Estado.

Isso gerou uma cultura de resistência. Qual é a vantagem que nós temos hoje? É que, mesmo dentro desta visão, do governo do presidente Lula para cá, e acentuadamente no governo da Dilma, aumentaram muito os investimentos da União no Estado.

Quando falamos no alinhamento das estrelas estamos falando numa reorganização informal do pacto federativo que o Rio Grande pode fazer através da política.

Isso funcionou de maneira excelente no meu governo e nos dá a oportunidade de convencer o povo gaúcho de que o novo nesta eleição não é uma candidatura que vem de fora da política, mas é a continuidade de um projeto que começou a mudar o Estado, inclusive na relação com o governo federal.

Meu governo tem uma aprovação, segundo as pesquisas, de 50%, 52%, e estou com cerca de 30% das intenções de voto na eleição. Esta contradição é que será resolvida no segundo turno.

- Por que a Dilma está com o desempenho melhor que o senhor aqui?

Tarso - Obviamente o governo federal, por estar mais distante do Estado, não responde pelos problemas concretos que o Rio Grande vive. Mas a influência predominante é que a presidenta, nacionalmente, tem o apoio de dois partidos muito fortes aqui no Estado: PP e PMDB.

Isso se reflete nessas pesquisas eleitorais. É natural e previsível que seja assim. Tanto o PP como o PMDB aqui são nossos adversários, muito duros. 

O governo da presidente Dilma tem que ser reconhecido pelos investimentos que tem trazido ao Rio Grande, mas também há esta questão da base política forte aqui no Estado, com PP e PMDB.

- E no segundo turno? Quais são as chances de construir alianças com o PMDB, por exemplo, que é um aliado nacional, mas um adversário histórico aqui...

Tarso - Obviamente nós vamos procurar todos os partidos que têm algum tipo de identidade nacional conosco, ou regional, para o segundo turno.

Eu presumo, pelas pesquisas, que iremos para o segundo turno com a senadora Ana Amélia. Então vamos procurar todos os partidos tentando pontos programáticos que podem nos unificar.

Isso em relação ao PMDB obviamente será feito em escala nacional, também teremos segundo turno nas eleições presidenciais.

Em relação ao PDT, nós vamos procurá-los diretamente aqui no Estado, porque o PDT estava no meu governo, teve três secretários competentes. E

u creio que temos motivos mais imediatos de aproximação. Mas queremos sim uma aproximação com o PMDB, a partir de uma relação nacional que possa ser projetada aqui para o Estado.

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