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Tarcísio se alia ao PT para eleger nome de Valdemar à presidência da Alesp

Governador de SP resistia a acordo com sigla de Lula, mas mudou de ideia após costura de seu secretário de Governo, Gilberto Kassab

Tarcísio: para não se indispor completamente com a base que o elegeu, governador tem dado espaço para os bolsonaristas no segundo escalão do governo (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

Tarcísio: para não se indispor completamente com a base que o elegeu, governador tem dado espaço para os bolsonaristas no segundo escalão do governo (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 27 de janeiro de 2023 às 12h59.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu se aliar ao PT para eleger o deputado estadual André do Prado (PL) para a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Em meados de novembro, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) já havia batido o martelo em torno do nome do aliado de Valdemar Costa Neto para a Casa, mas resistia a compor um acordo com a sigla de Luiz Inácio Lula da Silva. A costura passou pelo secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD).

Tarcísio chegou a dizer a pessoas próximas que Republicanos, PL e PSD teriam força suficiente para eleger André do Prado sem a ajuda dos petistas. Mas, depois, foi convencido de que o melhor seria não comprar a briga com a segunda maior bancada da Casa e ainda seguir a tradição praticada há anos Alesp, segundo a qual o partido com mais deputados ocupa a presidência e a segunda maior bancada — este ano o PT — comanda a 1ª Secretaria.

Tido como um político habilidoso e próximo a Valdemar, André do Prado é hoje o 2º vice-presidente da Alesp e tem bom trânsito com todas as legendas. Ele é visto pelo PT como um parlamentar que, assim como o atual presidente da assembleia, Carlão Pignatari (PSDB), não daria espaço para deputados bolsonaristas e manteria um diálogo com os partidos de oposição.

O apoio de Tarcísio a André do Prado gerou um mal-estar entre a ala bolsonarista, que afirma sequer ter sido consultada sobre a escolha do nome. Eles defendiam a escolha de Gil Diniz (PL) para o posto. O parlamentar é o mais afinado com Bolsonaro na Alesp, mas se distanciou do governador.

No Republicanos, parlamentares chegaram a defender o nome do deputado Gilmaci Santos, ligado à ala evangélica, para a presidência da Alesp. Ao GLOBO, Gilmaci disse que a bancada do partido "não fez parte de nenhum acordo" e não há "nada fechado com ninguém".

A escolha de compor com o PT reforça a busca de Tarcísio pela governabilidade. Parlamentares petistas já haviam elogiado a escolha de Jorge Wilson para ser o líder do governo da Alesp. Conhecido como "Xerife do Consumidor", o deputado é é tido como um nome moderado dentro do Republicanos e mostra que o governador não deve priorizar pautas ideológicas na Casa.

Para não se indispor completamente com a base que o elegeu, Tarcísio tem dado espaço para os bolsonaristas no segundo escalão de seu governo, como mostrou o GLOBO. No entanto, ele terá duas provas de fogo nas próximas semanas: precisará decidir se sanciona o PL 668/21, que derruba o passaporte da vacina para trabalhar, estudar e ter acesso à saúde, e o PL que garante o fornecimento de medicamentos à base da cannabis no SUS estadual. O primeiro foi tido como uma vitória da base bolsonarista, enquanto o segundo desagradou aos correligionários do governador.

Acompanhe tudo sobre:Tarcísio Gomes de Freitas

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