Brasil

Tarcísio inicia projeto que transfere sede do governo de SP para o centro

Transferência da sede do governo estadual entrou em um pacote de projetos de desestatização

Tarcísio: transferência entrou no pacote de projetos de desestatização (Alberto Ruy/MInfra/Flickr)

Tarcísio: transferência entrou no pacote de projetos de desestatização (Alberto Ruy/MInfra/Flickr)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 9 de abril de 2023 às 14h12.

Uma das principais promessas de campanha do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o projeto de transferir a sede do governo paulista do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para a região central da capital deve começar a sair do papel em outubro deste ano.

Ao Estadão, o secretário especial de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif Domingos (PSD), disse que o governo assinou contrato com a Fundação Instituto de Pesquisa da Universidade de São Paulo (Fipe) por meio da Companhia Paulista de Parcerias, estatal que prospecta, modela e implementa projetos em conjunto com o setor privado.

Segundo Afif, o estudo que qualificará a viabilidade econômica e financeira da Parceria Público-Privada (PPP) ficará pronto em seis meses. A Fipe vai avaliar a transferência não apenas do Palácio dos Bandeirantes, mas de toda a estrutura da administração paulista, que hoje engloba, na capital, 56 prédios e 18 mil servidores.

"Em seis meses teremos a configuração do projeto da mudança do governo para a Praça Princesa Isabel. É um projeto que acompanho há 12 anos. A próxima etapa será o processo de desapropriação. Com a área limpa, a construção será rápida", afirmou Afif.

Ele já defendia esse projeto quando foi vice-governador na gestão Geraldo Alckmin, entre 2011 e 2015, mas o então tucano deixou a ideia na gaveta. Agora, Afif diz que algumas pastas poderiam ser transferidas já nesta gestão, mas a mudança completa só deve ser concluída após 2026, quando se encerra o atual mandato de Tarcísio.

Procurada pela reportagem, a Fipe afirmou que não comenta projetos em que atua como contratada. O valor do acordo não foi revelado. A Companhia Paulista de Parcerias não respondeu ao Estadão.

Pacote

A transferência da sede do governo estadual entrou em um pacote de projetos de desestatização. Uma das propostas estudadas é a de aproveitar o Palácio dos Campos Elíseos, na Avenida Rio Branco.

O palácio já foi sede do governo do Estado entre as décadas de 1910 e 1960, quando a administração foi transferida para o Morumbi. Como hoje abriga o Museu das Favelas, o governo também estuda construir um prédio anexo, ao fundo, para receber a estrutura da administração paulista. Para isso, seria necessário destombar (anular o tombamento) e desapropriar imóveis na região.

Também seria preciso encontrar imóveis para desapropriação no entorno da Praça Princesa Isabel, que fica próxima ao palácio, e incorporar habitação ao redor de uma espécie de esplanada de secretarias. Um dos caminhos avaliados é o de rebaixar o terminal de ônibus Princesa Isabel, localizado ao lado do palácio, para abrir espaço à esplanada.

O governo defende que a mudança de sede ajudaria a requalificar a região do centro. A proposta está associada a um esforço maior prometido pelo governo de buscar soluções para a Cracolândia. A região foi constantemente ocupada pelo fluxo de usuários de drogas nos últimos anos.

"Vai trazer economia de recursos e eficiência, além de ser uma ocupação nobre e icônica do centro. Entendemos que é uma questão que traz legado", disse o governador Tarcísio de Freitas, ao lançar a proposta, em fevereiro.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que espera apoio de Tarcísio na eleição municipal de 2024, é favorável ao projeto mas a proposta esbarra na resistência de urbanistas e em desafios legais.

Como mostrou o Estadão, apesar de urbanistas reconhecerem que a reocupação do centro da cidade é saudável, apontam que a transferência de estrutura significa também uma ampliação de forças de segurança na região. Destacam ainda que estruturas públicas que já funcionam no centro da capital não levaram a uma mudança de dinâmica no local.

Prioridades

Na Assembleia Legislativa, o assunto não é visto como prioridade. Parlamentares da oposição entendem que o custo do projeto pode ir na contramão do enxugamento de despesas proposto por Tarcísio. Também apostam que o governador terá mais interesse político em deslanchar outras PPPs e privatizações prometidas em campanha, que possam aumentar o caixa do Estado e levar a resultados eleitorais.

O projeto para a Cracolândia, por exemplo, é encarado pelo governo como prioridade. O estudo inclui aumentar a quantidade de comunidades terapêuticas e instituir nova política habitacional.

Acompanhe tudo sobre:Tarcísio Gomes de FreitasEstado de São Paulosao-paulo

Mais de Brasil

“Estado tem o sentimento de uma dor que se prolonga”, diz governador do RS após queda de avião

Gramado suspende desfile de "Natal Luz" após acidente aéreo

Lula se solidariza com familiares de vítimas de acidente aéreo em Gramado

Quem foi Luiz Galeazzi, empresário morto em queda de avião em Gramado