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Suspeita de lavagem pode virar ação contra Pizzolato

O crime seria comandado por um antigo aliado do ex-premiê Silvio Berlusconi


	Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil: Pizzolato confirmou que conhecia Valter Lavitola, hoje preso em Nápoles
 (Wikimedia)

Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil: Pizzolato confirmou que conhecia Valter Lavitola, hoje preso em Nápoles (Wikimedia)

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Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2014 às 10h09.

Bolonha e Brasília - O Grupo Antimáfia da Justiça italiana suspeita do envolvimento do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato em um esquema de lavagem de dinheiro comandado por um antigo aliado do ex-premiê italiano Silvio Berlusconi, o que pode resultar na abertura de novo processo contra o brasileiro no país europeu.

Em depoimento a promotores italianos no final do mês passado, revelado ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, Pizzolato confirmou que conhecia Valter Lavitola, hoje preso em Nápoles acusado de envolvimento em esquema de corrupção e conhecido como o operador e lobista de Berlusconi.

A Justiça italiana descobriu ligações financeiras entre o brasileiro e o ex-homem forte de Berlusconi. Pizzolato foi ouvido apenas na condição de testemunha. Mas as suspeitas convenceram os promotores a aprofundarem o caso.

Os indícios apontam para a existência de "negócios conjuntos" que envolveriam interesses de empresas de telecomunicações italianas no Brasil. Condenado pelo Supremo no julgamento do mensalão, Pizzolato esta preso na Itália desde fevereiro.

Ele foi do conselho de administração da Brasil Telecom no ano 2000, por indicação da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

Na época havia uma disputa entre os sócios da companhia de telefonia fixa, opondo os italianos, que criaram a TIM, o brasileiro Opportunity, controlado pelo banqueiro Daniel Dantas, e fundos de pensão de empresas estatais. A Brasil Telecom hoje pertence à OI.

No depoimento prestado no final de março, Pizzolato evitou entrar em detalhes e apenas confirmou que conhecia o italiano, que havia morado no Rio. A polícia italiana identificou ligações telefônicas e e-mails entre os dois.


No Brasil, Lavitola também manteve relações com doleiros. Por se tratar de uma investigação no âmbito do combate à máfia, a Justiça italiana poderá ter amplos poderes para manter informações sobre Pizzolato, vasculhar sua vida e manter a sete chaves os resultados da apuração.

Segundo promotores italianos em Bolonha, as descobertas podem retardar o processo de extradição de Pizzolato ao Brasil. Mas não irá impedir uma eventual deportação do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil ao País.

Isso porque o questionamento poderia continuar até mesmo em cooperação com a PF e uma eventual condenação poderia ser cumprida no Brasil.

Defesa. O advogado de Pizzolato em Modena, Lorenzo Bergami, confirmou o depoimento. "Mas não sei o que falou. Ele estava sem advogado no momento", disse.

Bergami defende Pizzolato no processo de extradição solicitada pelo Brasil. O promotor encarregado do caso em Napoles, Vincenzo Piscitelli, deve tomar novo depoimento de Pizzolato nos próximos dias.

As informações que ligam Pizzolato a Lavitola já estavam com a Justiça italiana antes mesmo da fuga do brasileiro, no segundo semestre de 2013. Mas seu nome apenas soou o alerta do Grupo Antimáfia depois da polêmica sobre sua saída do Brasil.

O nome de Pizzolato apareceu quando o grupo antimáfia passou a investigar o operador de Berlusconi por conta de diversos escândalos financeiros, principalmente no pagamento de propinas para o governo do Panamá.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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