Sul e Sudeste ainda não atingiram pico de casos de coronavírus, diz Saúde
Estimativas do governo apontavam que a pandemia da covid-19 atingiria o ápice no país entre o fim do mês de abril e o início de maio
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de abril de 2020 às 20h10.
Última atualização em 27 de abril de 2020 às 20h10.
As regiões Sul e Sudeste ainda não atingiram o pico de casos contaminados pela pandemia do novo coronavírus , disse o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde , Wanderson Oliveira.
Estimativas do governo apontavam que a pandemia atingiria o ápice entre o fim e abril e o início de maio.
O ministro da Saúde, Nelson Teich, explicou que o país é grande e disse que as estimativas consideram modelos matemáticos que não são infalíveis. "O País é heterogêneo", disse, em entrevista coletiva.
Apesar de não cravar uma previsão, Wanderson ressaltou que a maioria das contaminações por doenças respiratórias costumam ocorrer nas semanas epidemiológicas 22 a 27 no Brasil. Hoje, o País está na semana 20, segundo ele.
O secretário disse ainda que a campanha de vacinação contra a gripe teve forte adesão e pode ser considerada bem sucedida pelo governo. Embora sejam doenças distintas, a vacinação contribui para reduzir internações em hospitais.
Metodologia sólida
Teich disse que o governo quer construir uma metodologia para desenhar a melhor forma de testar o avanço do coronavírus na população brasileira. Segundo ele, essa proposta será construída em conjunto com o IBGE. "Queremos metodologia sólida para entender como a doença está evoluindo", disse, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Desde que foi apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro como novo ministro da Saúde, Teich afirma que pretende elaborar um "programa de testes" para ampliar a quantidade de informações sobre a disseminação do novo coronavírus no país e, com isso, "conhecer a doença". Os novos critérios para aplicação dos testes, porém, ainda não estão definidos.
O ministro disse ainda que deve se reunir ainda nesta semana com os governadores para discutir o avanço da covid-19 no país. Ele descartou, no entanto, qualquer medida "intempestiva" a respeito da política de isolamento social, adotada por vários Estados para conter a doença.
"Não vai existir qualquer medida intempestiva com relação a isso. O Brasil é heterogêneo. Isso tudo vai ser trabalhado no detalhe. Não vai ter ação que não tenha sido pensada", disse. O ministro ressaltou, no entanto, a importância de manter os serviços essenciais em funcionamento.
As medidas de isolamento social são a principal recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o alastramento do novo coronavírus. Estados que adotaram a política, como São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram o maior número de casos e mortes, têm sido alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro, que considera a medida um exagero que pode afetar a economia.
Em sua segunda entrevista coletiva, Nelson Teich afirmou que sempre estará à frente de uma "coletiva técnica". Durante a exposição dos números pelo secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, o ministro pediu a palavra para fazer considerações.
"Nosso objetivo é mostrar informações que usamos no dia a dia para enfrentar o problema. Não dá pra colocar número de forma rápida e superficial, por isso que, daqui pra frente, sempre vai ser uma coletiva técnica", disse Teich.
Wanderson é proveniente da equipe do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Ele participa de uma transição no comando da pasta e deve deixar o cargo nas próximas semanas.
Uma das mudanças mais visíveis no formato da entrevista coletiva é justamente uma das marcas de Wanderson Oliveira. Dessa vez, ele não está com o colete do Sistema Único de Saúde (SUS), mas veste terno e gravata, como Teich e o novo secretário-executivo, Eduardo Pazuello, general escolhido por Bolsonaro para o cargo.
Wanderson era o principal formulador de estratégias contra a covid-19 na equipe do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.