São Paulo - Deslanchar o programa de concessões com maior participação de investimentos privados no Brasil dependerá menos de dinheiro subsidiado do que do aumento da confiança de investidores nas agências reguladoras, disse nesta sexta-feira um executivo do Ibmec, órgão que representa o mercado de capitais.
"Pode haver uma redução do custo de capital se houver qualidade regulatória", disse o diretor do centro de estudos do Ibmec, Carlos Rocca, durante apresentação na BM&FBovespa.
Para o executivo, diante da deterioração fiscal do governo federal e da incapacidade de continuar capitalizando o BNDES , veículo que tem sido usado na concessão de recursos com juros negativos, tentando atrair investidores para concessões de infraestrutura, o jeito agora é usar mais os mecanismos de mercado.
Mas isso não resultará necessariamente num aumento acentuado das taxas de retorno oferecidas, disse Rocca. Para ele, hoje o custo de capital para investimento de longo prazo está ao redor de 5,8 por cento reais, ou seja, acima da inflação.
"Uma taxa de retorno de 6 a 7 por cento seria factível, dependendo do projeto", disse Rocca mais tarde a jornalistas.
O Programa de Investimentos em Logísticas (PIL) lançado em 2012 pelo governo Dilma Rousseff envolve áreas como ferrovias, rodovias, ferrovias e portos ainda não totalmente realizadas, com investimentos totais estimados em cerca de 120 bilhões de reais.
Um dos entraves que impediram o programa de ser concluído foi a queda de braço sobre a taxa de retorno definida pelo governo federal, que foi obrigado a elevá-la após rejeição de potenciais interessados nos projetos, mesmo com oferta de dinheiro barato via BNDES.
Pelos cálculos do Ibmec, os investimentos do país em infraestrutura têm sido nos últimos anos oscilado entre 2,2 e 2,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). "Um nível adequado seria de 4,5 por cento do PIB", disse.
Pela proposta do Ibmec, em vez de dar dinheiro com juro negativo, o BNDES passaria a atuar comprando debêntures dos projetos a taxas mais próximas das praticadas no mercado, revendendo os papéis quando as concessões começassem a gerar caixa.
Em outra frente, a percepção de risco dos investidores cairia, refletindo em menores taxas de retorno, se a confiança deles na autonomia de agências reguladoras aumentasse. Rocca evitou comentar quais são elas.
Por fim, disse o executivo, o maior uso de investimentos privados tenderia a determinar o equilíbrio entre modicidade tarifária e o retorno ao investidor. Pelos cálculos de Rocca, cada 10 por cento de aumento nas tarifas eleva a taxa de retorno em cerca de 30 por cento.
São Paulo - Entre o
incidente que aconteceu essa semana em Viracopos (quando um único avião de carga avariado parou o aeroporto inteiro) e a espera do anúncio do governo de um novo pacote de concessão de
aeroportos federais para depois do segundo turno das eleições municipais do
Brasil , aeroportos voltaram a ser tema de debate no país.
Se acontecer a concessão, aeroportos como o Galeão no Rio de Janeiro e Confins em Minas Gerais passariam, então, à iniciativa privada. As possíveis concessões devem acontecer em moldes similares ao leilão de fevereiro, que permitiu que consórcios que tivessem entre os sócios uma empresa estrangeira com experiência em operação de grandes aeroportos arrematassem os aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília. Para esses três grandes aeroportos brasileiros, as concessionárias já têm planos de reformas e alterações - a maioria com prazo para a
Copa do Mundo em 2014. Clique nas fotos e veja as projeções.
2. Aeroporto de Brasília 2 /8(Divulgação)
Foto do projeto para o aeroporto de Brasília. Já a chegada ao terminal passará por reformas. Tanto embarque quanto desembarque vão ganhar uma faixa adicional e uma nova cobertura. Os terminais 1 e 2 também serão reformados e um novo terminal será construído com 15 novas posições de embarque. O estacionamento vai dobrar de tamanho e terá três mil vagas disponíveis. No fim das contas, as obras de expansão vão aumentar a capacidade do aeroporto de Brasília de cerca de 15 milhões de passageiros para 41 milhões na fase final.
3. Aeroporto de Brasília 3 /8(Divulgação)
Foto do projeto para o aeroporto de Brasília. O interior do aeroporto também vai passar por grandes mudanças. Os investimentos da primeira fase (750 milhões de reais) vão garantir uma sala VIP e reformas para criação de corredores amplos, bem iluminados e com lojas, lanchonetes e esteiras. Intervenções iniciais no aeroporto incluem revitalização dos banheiros, reforma da cobertura, conserto de escadas rolantes, implantação de um elevador adicional, pintura de estruturas metálicas e o projeto descreve como "nova identidade visual".
4. Aeroporto de Guarulhos 4 /8(Reprodução/Divulgação)
Foto do projeto para o aeroporto de Guarulhos. A principal obra em Cumbica até a Copa do Mundo será a construção do Terminal 3, que possibilitará o fluxo de aviões de maior porte. Além disso, o terminal vai contar com um hotel cinco estrelas para os passageiros em conexão. O novo terminal terá capacidade para 12 milhões de passageiros por ano e as obras envolvem ainda reformas nas pistas dos terminais 1 e 2.
5. Aeroporto de Guarulhos 5 /8(Reprodução/Divulgação)
Foto do projeto para o aeroporto de Guarulhos. O novo terminal terá 192 mil metros quadrados e contará com uma estrutura para lojas, restaurantes, salas vip e áreas de espera. O investimento ainda será feito para melhora no sistema de bagagens, iluminação e segurança. Um edifício-garagem também deve ser entregue (até o primeiro semestre de 2013) com cerca de 2,4 mil novas vagas de estacionamento. O investimento até 2031 será de 2,6 bilhões de reais e o aeroporto deverá ter capacidade para 60 milhões de passageiros por ano.
6. Aeroporto de Viracopos 6 /8(foto/Divulgação)
Foto do projeto para o aeroporto de Viracopos. O aeroporto em Campinas vai contar com um investimento de 8,4 bilhões de reais ao longo dos 30 anos de concessão. Com as reformas planejadas, ele deverá receber 80 milhões de passageiros por ano. O projeto do aeroporto prevê a construção de hotéis, shopping center e centro de convenções nas suas proximidades. Na primeira fase, haverá um novo terminal com 28 pontes de embarque, sete novas posições de estacionamento de aeronaves e um edifício-garagem com 4 mil vagas, além da ampliação das pistas até maio de 2014.
7. Aeroporto de Viracopos 7 /8(Divulgação)
Foto do projeto para o aeroporto de Viracopos. O projeto do aeroporto mostra preocupação com sustentabilidade: a cobertura do telhado é feita de células fotovoltaicas para captura de energia solar e sistema de reutilização de água da chuva. Além das novas construções, os investimentos também serão feitos na revitalização do que já existe. As áreas para banheiros, por exemplo, serão ampliadas em 94%. As áreas de embarque também serão ampliadas.
8. Agora, veja os aeroportos mais lotados do Brasil 8 /8(Jefferson Bernardes/AFP)