Pezão: ex-governador do Rio deixará a prisão, mas deve seguir uma série de medidas cautelares (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 15h57.
Última atualização em 10 de dezembro de 2019 às 16h22.
Brasília – Por unanimidade, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou nesta terça-feira a libertação do ex-governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão. Ele está preso desde novembro de 2018. Ele é réu na Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, acusado de integrar esquema de corrupção chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral, de quem foi vice.
O colegiado determinou uma série de medidas cautelares em substituição à prisão. Pezão usará tornozeleira eletrônica e ficará em recolhimento domiciliar noturno, de 20h às 6h.
Além disso, ficará obrigado a comparecer em juízo sempre que necessário; não poderá manter contato com os outros acusados de pertencer à mesma organização criminosa; ficará impedido de ocupar cargos ou funções públicas no estado ou no município do Rio; não poderá sair do estado sem autorização judicial; deverá comunicar imediatamente à Justiça sobre qualquer operação bancária superior a R$10 mil.
Pezão foi preso durante o exercício do mandato, em novembro do ano passado. Por conta do cargo, foi denunciado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao STJ em dezembro de 2018. Como o mandato de Pezão terminou em 1º de janeiro, o caso desceu para a 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que julga os processos da Lava-Jato no Rio.
Bretas, então, acolheu a denúncia em janeiro deste ano e manteve todas as decisões anteriores sobre o caso, incluindo a prisão do ex-governador, que está no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói.
Pezão foi denunciado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele é acusado, junto de outras 14 pessoas, incluindo Cabral e dois ex-secretários, também presos, de ter recebido vantagens indevidas que somam R$ 39,1 milhões, em valores atualizados. Entre os agora réus, estão ainda empresários, que teriam pagado propinas ou se beneficiado do esquema.
A denúncia contra o ex-governador toma como base provas obtidas durante as operações Calicute e Eficiência, que apuraram crimes cometidos pelo ex-governador Sérgio Cabral. Pezão é acusado ainda de ter operado um esquema de corrupção próprio, que teria começado quando ele ainda era vice-governador e secretário de Obras.
Ele teria recebido R$ 150 mil mensais em propinas, pagas em 85 parcelas por Cabral, entre março/abril de 2007 e março/abril de 2014. O valor incluiria até 13º, segundo o relato de um delator. O objetivo seria favorecer empreiteiras que mantinham contratos para grandes obras do Estado.
Pezão também é acusado de receber propinas da Fetranspor durante um ano, a partir de junho de 2014, que chegaram a R$ 11,4 milhões (R$ 14,6 milhões em valores atuais). Ele também teria recebido R$ 240 mil, divididos em oito parcelas, de empresas fornecedoras de alimentação para a Secretaria estadual de Administração Penitenciária e para o Degase. A propina era dada para que faturas em atraso fossem pagas pelos órgãos.