STF retomará investigações contra Flávio Bolsonaro
Ministro Marco Aurélio deve recusar liminar que dá foro privilegiado a investigações que envolvem o filho do presidente Jair Bolsonaro
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 06h39.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2019 às 07h02.
Com o fim do tradicional recesso de fim de ano do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira, 01, a corte deve derrubar a liminar provisória que suspende as investigações sobre movimentações financeiras suspeitas feitas por Fabrício Queiroz e outros quatro assessores da assembleia legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A liminar foi concedida pelo Ministro Luiz Fux no último dia 17, atendendo a um pedido de advogados de Flávio Bolsonaro, que assume nesta sexta-feira uma vaga no Senado.
Ontem, em entrevista ao Broadcast do jornal Estadão, Marco Aurélio, o ministro competente no caso Queiroz, disse que a decisão tomada por Fux será revista ainda na manhã de hoje.
Na liminar aceita pelo ministro, a investigação sobre as movimentações financeiras atípicas levantadas pela Coaf passam a ter foro privilegiado. Acerca do assunto, Marco Aurélio declarou:“Os precedentes do meu gabinete deixam claro meu pensamento em relação a casos como este.
Além disso, o Supremo tem uma jurisprudência amplamente pacificada em relação a este assunto: a prerrogativa de foro vale para o exercício do mandato e a atos ligados ao mandato”, disse o ministro.
A investigação suspensa pelo STF no último dia 17 refere-se a transações bancárias suspeitas encontradas nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, peloConselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
De acordo com o órgão, foi constatado um atípico movimento de 1,2 milhões de reais nas contas do ex-assessor, que não compareceu a nenhum dos quatro depoimentos ao qual foi convocado. Queiroz alegou problemas de saúde como empecilho.
Ex-motorista do agora senador, ele passa por tratamento de um câncer no Hospital Albert Einstein, um dos mais caros de São Paulo.
Embora não tenha prestado depoimento à justiça, em recente entrevista ao canal de televisão SBT, Queiroz alegou que a origem do dinheiro teria vindo de um negócio de compra e venda de carros, mas não apresentou nenhuma prova disso.
Entre as movimentações suspeitas, há a compensação de seis cheques, no valor de quatro mil reais cada, em nome da primeira dama Michelle Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro tentou explicar os depósitos dizendo que Queiroz teria depositado os cheques, que somam 24 mil reais, como parte do pagamento de uma dívida de 40 mil reais que teria com ele.
Flávio, por sua vez, vem tentando se distanciar das atividades do ex-assessor, mas enfrenta uma enxurrada de novas denúncias. Entre elas estão depósitos 48 depósitos de 2 mil reais em sua conta e a contratação de familiares de milicianos para seu gabinete.
Até ontem, o filho de Bolsonaro vinha dando explicações pouco convincentes em esporádicas manifestações públicas. A partir de hoje, terá que se entender também com o Supremo.