Vacina da Pfizer: imunizante é o único autorizado em adolescentes (Dado Ruvic/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 11 de julho de 2021 às 14h30.
Última atualização em 11 de julho de 2021 às 15h42.
O governo de São Paulo anunciou neste domingo, 11, que adolescentes passarão a ser vacinados contra o coronavírus a partir de 23 de agosto, em anúncio inédito até então no Brasil.
O governo confirmou também que os adolescentes serão vacinados com o imunizante da Pfizer, o que vai exigir novo foco de atenção no planejamento estratégico paulista. A vacina foi a única autorizada até agora para esta faixa etária pela Anvisa, agência reguladora dos imunizantes.
O grupo de adolescentes contemplados será entre 12 e 17 anos, a começar pelos jovens com comorbidades e deficiências, além de adolescentes gestantes.
Segundo afirmou à EXAME a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde paulista, o planejamento para as novas remessas distribuídas pelo governo estadual às cidades passará a levar em conta a oferta de doses da Pfizer para esses adolescentes.
O grupo de adolescentes de 12 a 17 anos no estado representa 3,2 milhões de pessoas, perto de 10% dos mais de 35 milhões de adultos acima de 18 anos em São Paulo.
O governo ainda não fala necessariamente em necessidade de reserva de doses, mas diz que haverá uma programação para uso neste grupo em parte das próximas remessas da Pfizer.
Ainda assim, a expectativa do governo paulista é que o aumento previsto nos próximos lotes de Pfizer enviados via Plano Nacional de Imunização seja naturalmente suficiente para atender à demanda.
O plano paulista se baseia nas projeções de milhões de novas doses da Pfizer a serem entregues no segundo semestre.
Segundo os últimos números divulgados pelo Ministério da Saúde, em 7 de julho, a expectativa é que o Brasil receba 14,4 milhões de doses da Pfizer em julho e 71 milhões entre agosto e setembro, que serão então distribuídas aos estados proporcionalmente ao tamanho da população.
O montante previsto para os próximos meses é muito superior às doses da Pfizer distribuídas até agora: 3,5 milhões recebidos de abril até o fim de maio e 11 milhões recebidos em junho.
Outro ponto a ser levado em conta é a disponibilidade de segunda dose da Pfizer para quem já recebeu o imunizante. Até 30 de junho, cerca de 9 milhões de pessoas receberam a primeira dose da Pfizer em todo o Brasil e também precisarão da segunda dose no futuro.
No Brasil inteiro, a Pfizer responde por cerca de 9% das doses já aplicadas, ante 46% de AstraZeneca/Fiocruz, 43% de Coronavac/Butantan e 2% da Janssen.
Os adolescentes em São Paulo serão vacinados depois que o estado já tiver oferecido a vacina a todas os adultos, o que deve acontecer até 20 de agosto, segundo calendário antecipado hoje pelo governo.
O coordenador da Comissão Médica de Educação de SP, Wanderson Oliveira, disse que a vacinação dos adolescentes deve acelerar o retorno às aulas presenciais com segurança, o que vem sendo um dos principais desafios do Brasil na pandemia.
Segundo disse neste domingo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, a expectativa é que a Coronavac também seja aprovada pela Anvisa no futuro para uso em adolescentes.
Um estudo mostrou que a Coronavac é segura e induz resposta imune em crianças a partir de 3 anos, mas ainda não há dados específicos de eficácia. O imunizante já foi aprovado para uso neste grupo etário na China. Outros imunizantes também vêm fazendo testes em crianças.
Covas disse que os estudos sobre a segurança em crianças a partir de 3 anos já estão de posse da Anvisa e que a expectativa é que a autorização atual da Coronavac, de uso emergencial somente para adultos, incorpore este novo grupo.
Há também datas de repescagem e variações no calendário a depender da disponibilidade de doses e organização de cada cidade, que podem antecipar as datas caso haja disponibilidade de doses.