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"Soubemos que fita foi editada e isso é gravíssimo", diz advogado

Amigo do presidente há 40 anos, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira se reuniu com Temer na noite de ontem e nesta sexta e assumirá a defesa dele

Michel Temer: o presidente será investigado no STF por 3 crimes (Igo Estrela/Getty Images)

Michel Temer: o presidente será investigado no STF por 3 crimes (Igo Estrela/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de maio de 2017 às 19h25.

Brasília - O advogado criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira disse nesta sexta-feira, 19, que o governo tem "informações seguras" sobre a existência de adulterações e montagens no áudio da conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS.

Amigo do presidente há 40 anos, Mariz se reuniu com Temer na noite de ontem e nesta sexta, em Brasília, e vai assumir a defesa dele.

Uma das estratégias jurídicas, após a delação premiada feita por Joesley, é pedir a perícia da gravação que veio a público.

"Soubemos que a fita foi editada e isso é gravíssimo", afirmou Mariz à reportagem.

"É uma indignidade o que estão fazendo contra o presidente da República e contra o Brasil."

Na conversa com Temer no Palácio do Jaburu, em 7 de março, Joesley disse que estava "de bem" com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Lava Jato.

"Tem que manter isso, viu?", respondeu Temer. Em seguida, Joesley acrescentou: "Todo mês". Parte do diálogo, porém, é inaudível.

O empresário também contou a Temer que estava comprando um procurador e "dando conta" de dois juízes para barrar uma investigação sobre empresa do grupo J&F, holding que administra a JBS. "Ótimo", afirmou o presidente.

Questionado se o "corte" de algum trecho da conversa teria sido feito pela Procuradoria-Geral da República, Mariz preferiu a cautela e disse que jamais levantaria suspeitas sem provas.

"A perícia vai nos dar indícios tanto sobre a edição quanto sobre a autoria. Quando soubermos, não teremos escrúpulos em denunciar", declarou o advogado.

"É uma indignidade o que estão fazendo contra o presidente da República e contra o Brasil."

Mariz foi convidado na montagem do governo para ser ministro da Justiça, mas não chegou a assumir o cargo porque condenou, em entrevista, os "excessos dos operadores da Lava Jato".

Com a saída de Alexandre de Moraes do comando da Justiça, para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, o criminalista voltou a ser sondado, mas recusou o convite.

Temer também insistiu, sem sucesso, para que ele assumisse uma secretaria especial ligada à Presidência, que ficaria responsável por cuidar do sistema penitenciário.

Agora, o presidente será investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de corrupção passiva, obstrução à investigação e participação em organização criminosa.

O pedido de abertura de inquérito foi feito pela Procuradoria-Geral da República e autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, contra Temer, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), fotografado com uma mala de dinheiro.

A defesa tenta desqualificar Joesley, sob o argumento de que o empresário se valeu de uma delação falsa com o único objetivo de obter benefícios para ele e sua companhia.

"A verdade começou a ser reposta. Há absoluta falta de seriedade nas acusações", insistiu Mariz.

Em seu despacho de abertura do inquérito, Fachin disse não haver ilegalidade nos áudios gravados por Joesley.

Escreveu, ainda, que as conversas gravadas foram "ratificadas e elucidadas" pelo empresário em depoimento ao Ministério Público.

"O despacho do ministro antecede a notícia que chegou ao governo, vinda de fontes fidedignas, de que a fita foi preparada", afirmou Mariz. "A gravação em si não é crime, mas não é isso que se está discutindo."

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