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Sobreviventes são ouvidos no 2º dia de júri da Chacina de Osasco

Dois PMs e um guarda civil são acusados de participar da execução de 17 pessoas, no dia 13 de agosto de 2015, na região

Osasco: 17 pessoas foram executadas (./Reuters)

Osasco: 17 pessoas foram executadas (./Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 19 de setembro de 2017 às 16h45.

No segundo dia de julgamento da Chacina de Osasco, sobreviventes do episódio foram ouvidos como testemunhas do caso.

Dois policiais militares (PMs) e um guarda civil são submetidos a júri popular, acusados de participar da execução de 17 pessoas, no dia 13 de agosto de 2015, na região metropolitana da capital paulista.

O primeiro sobrevivente a falar foi uma testemunha protegida, que utiliza o nome fictício de Elias. O homem reafirmou ter reconhecido o policial Fabrício Emmanuel Eleutério como um dos participantes dos crimes. Como medida de proteção, Elias foi ouvido com o plenário esvaziado, sem a presença dos réus ou da imprensa.

O advogado do policial Nilton Nunes disse, no entanto, que a testemunha caiu diversas vezes em contradição durante o depoimento. "Ele caiu em algumas contradições sérias", ressaltou, após o depoimento. "Quando nós o apertamos para que ele falasse a verdade, ele começou a chorar", acrescentou o defensor.

Pessoas morreram em cima de mim

Também foi ouvido Marcos Antonio Passini que sobreviveu ao ataque feito em um bar, onde oito pessoas foram assassinadas. Ele contou que estava bebendo e conversando com dois amigos que não sobreviveram ao episódio, quando homens encapuzados chegaram atirando.

"Nem imaginava que poderiam ser disparos, parecia uma queima de fogos", disse, sobre a sequência de tiros que ouviu.

Passini conta ainda que não houve qualquer conversa ou abordagem. Ele tentou escapar correndo para os fundos do estabelecimento, que estava em obras. Enquanto fugia, foi atingido pelas costas e caiu em uma vala cavada durante a reforma.

"Teve pessoas que morreram em cima de mim", afirmou. "Acordei com os populares pedindo pelos parentes. Quando eu tentei levantar, vi que tinha sido atingido", relatou o rapaz que, mesmo ferido, conseguiu ir dirigindo para o hospital.

Além dos sobreviventes, foram ouvidos parentes dos mortos na chacina. Fernanda Nunes de Oliveira, irmã de Rafael do Oliveira, disse que não viu razões para o assassinato. "O Rafael era uma pessoa que gostava de todo mundo. Pergunte para qualquer vizinho. Ninguém acredita até hoje", disse, sobre o irmão que foi baleado depois de um dia de trabalho.

O caso

Os 17 assassinatos ocorreram em um intervalo de aproximadamente duas horas, na noite de 13 de agosto de 2015. Eleutério e o policial Thiago Barbosa Henklain respondem por todas as mortes, enquanto o guarda civil Sérgio Manhanhã, que teria atuado para desviar viaturas dos locais onde os crimes ocorreriam, foi denunciado por 11 mortes.

Eleutério, Henklain e Maranhão são acusados de organização criminosa e homicídio qualificado. Somadas, as penas podem chegar a 300 anos de prisão, disse o promotor do caso.

De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, os assassinatos ocorreram para vingar as mortes do policial militar Admilson Pereira de Oliveira, que foi baleado ao reagir a assalto em um posto de gasolina, onde fazia "bico" como segurança, e do guarda civil de Barueri Jeferson Luiz Rodrigues da Silva, que foi morto após reagir a um assalto.

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