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Só 1,6% dos moradores de favelas tinham diploma em 2010

Só 1,6% dos moradores de favelas, invasões e assentamentos, tinham diploma universitário no Brasill, ante 14,7% da população residente de outras áreas


	Favela no Rio de Janeiro: dimensão de discrepâncias sociais e educacionais foi dada pela primeira vez com o estudo, segundo pesquisador
 (Vladimir Platonow/AGÊNCIA BRASIL)

Favela no Rio de Janeiro: dimensão de discrepâncias sociais e educacionais foi dada pela primeira vez com o estudo, segundo pesquisador (Vladimir Platonow/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2013 às 13h58.

Rio de Janeiro – Somente 1,6% dos moradores de aglomerados subnormais (favelas, invasões, assentamentos etc) tinham diploma universitário no Brasil, ante 14,7% da população residente de outras áreas das cidades, em 2010. Os dados são da pesquisa Áreas de Divulgação da Amostra para Aglomerados Subnormais, lançada pela primeira vez hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A nova pesquisa utiliza dados do questionário da amostra do Censo 2010, aplicado em mais de 6 mil domicílios brasileiros para diferenciar com mais detalhes a vida nas favelas e nas demais áreas da cidade.

O pesquisador da Coordenação de Geografia do IBGE, Maurício Gonçalves e Silva, lembrou que embora as desigualdades entre moradores de favelas e de outras áreas urbanas do Brasil não sejam novidade, a dimensão dessas discrepâncias sociais e educacionais foi dada pela primeira vez com o estudo.

“Não é que todos devam ter nível superior, mas ver que na mesma parte da cidade pessoas que convivem no mesmo ambiente, nas mesmas ruas, têm níveis de escolaridade tão diferentes mostram dois mundos em um mesmo espaço”, comentou o pesquisador. Ele deu como exemplo os bairros da Glória e de Copacabana, na zona sul da cidade, onde cerca de 50% dos moradores de favelas não tinham instrução, enquanto entre os moradores de outras áreas do bairro 50% tinham nível superior completo.

Em relação aos rendimentos, 31,6% dos moradores dos aglomerados subnormais tinham rendimento domiciliar per capita até meio salário mínimo, ante 13,8% nas outras áreas urbanas. Apenas 0,9% dos moradores de comunidades carentes tinham rendimento domiciliar per capita de mais de cinco salários mínimos, ante 11,2% nas demais áreas da cidade.


Quase 28% dos trabalhadores moradores dessas comunidades não tinham carteira assinada em relação às outras áreas da cidade (20,5%). A exceção foi verificada em Florianópolis, onde 10,5% dos moradores de comunidades pobres não tinham carteira assinada, ante 15,1% das demais áreas da cidade.

O estudo mostra também que a geladeira e a televisão eram os bens praticamente universalizados tanto nos domicílios irregulares quanto nas habitações regulares. Também não foi verificada diferença na posse de motocicleta entre as duas áreas, sendo 11,3% nas demais áreas e 10,3% nos aglomerados subnormais. As desigualdades maiores foram registradas quando a pergunta era sobre posse de máquina de lavar, computador e acesso à internet. Menos da metade dos moradores em aglomerados subnormais (41,4%) tinha máquina de lavar, ante 66,7% dos moradores nas demais áreas; 27,8% tinham computador, em comparação com 55,6% da população das outras áreas; e 20,2% tinham computador com acesso à internet, contra 48% das demais áreas.

Ao comparar o tempo de deslocamento para o trabalho gasto por moradores de favelas com o de outras partes da cidade, a pesquisa revelou pouca variação entre um grupo e outro. Enquanto 19,7% dos trabalhadores brasileiros que moravam em aglomerados subnormais demoravam mais de uma hora por dia no deslocamento para o trabalho, esse percentual para quem morava em outras áreas da cidade era 19%. No Rio de Janeiro, 21,9% dos moradores de favelas levavam mais de uma hora por dia para chegar ao trabalho, enquanto nas outras áreas da cidade essa proporção era 26,3%. Em Salvador, a diferença era 21,8% para os moradores de habitações irregulares e 22,12% para as irregulares.

Em São Paulo, 37% da população residente em aglomerados subnormais levavam mais de uma hora para chegar ao local de trabalho, em contraste com 30% dos moradores das demais áreas da cidade. No caso do Rio e de Salvador, o pesquisador ressaltou que a topografia dessas cidades colaborou para que as pessoas ocupassem áreas centrais também como estratégia para economizar tempo e dinheiro no percurso casa-trabalho.

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