Metrô de São Paulo: contratos para reformar 98 trens foram suspensos pelo Metrô, a pedido do MP, que vê indícios de fraude em termos assinados em 2008 e 2009 (LUIZ AYMAR/VIAGEM E TURISMO)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 20h30.
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo fez hoje (13) uma manifestação no centro da capital pedindo mais investimentos no transporte público. O ato, que começou no Vale do Anhangabaú e terminou em frente à Secretaria Estadual de Transportes, lembrou ainda a pane ocorrida na semana passada na Linha 3 - Vermelha do metrô.
Terça-feira (4) da semana passada, houve tumulto depois de falha em uma das composições da linha. Usuários acionaram botões de emergência e desceram na via, provocando depredações e confronto com a Polícia Militar, dentro das estações.
Para o presidente do sindicato, Altino de Melo Prazeres, os problemas enfrentados na ocasião, bem como outras falhas, estão relacionados a reformas mal-executadas nas composições.
“Tem a ver com a frota K, que é uma reforma muito mal-feita, e está relacionada com o propinoduto. Tanto é que o Ministério Público (MP) está exigindo a devolução aos cofres públicos de R$ 800 milhões”, disse ele, em referência à investigação aberta pelo MP para apurar denúncias de fraude nas licitações do transporte público.
Os contratos para reforma de 98 trens foram suspensos pelo Metrô, a pedido do Ministério Público, que vê indícios de fraude nos termos assinados em 2008 e 2009. Segundo o órgão, o prejuízo é estimado em R$ 800 milhões, em valores não atualizados. O MP apura ainda indícios de má execução nos serviços já finalizados.
O governador Geraldo Alckmin atribuiu os problemas da semana passada a uma possível sabotagem do sistema. “Eu não acredito que essas coisas sejam de geração espontânea. Acho que precisa ser investigado com seriedade”, disse ele à época.
A militante do Movimento Passe Livre Monique Felix contesta a visão do governador. Para ela, o tumulto do dia 4 foi apenas uma exacerbação de fatos cotidianos no transporte público paulistano. “Diariamente esses trens dão problema. A população tem que quebrar os vidros e sair à via para não morrer sufocada dentro dos trens. O que aconteceu no dia 4 foi uma auto-organização da população de São Paulo, que tem se organizado para lutar por um transporte diferente”, disse.
Altino Prazeres pediu a contratação de mais funcionários para segurança, operação e manutenção do metrô como solução mais imediata para a saturação do sistema. Ele ressaltou ainda a importância da revisão dos serviços realizados, que estão sob investigação do MP. “Nós queremos que essa reforma seja revista imediatamente, paga por essas empresas que não cumpriram o papel que deveriam cumprir. As reformas estão dando muito problema, como nessa frota K”.