Exame Logo

Setor vê atraso em medidas do governo sobre energia

Segundo as entidades, campanhas educativas e até mesmo programas de incentivo à redução do consumo deveriam ter sido adotados já no início da crise

Vista da marca d'água no lago da represa hidrelétrica de Furnas: entidades descartam a hipótese efetiva de um racionamento de energia no País em 2014 (Paulo Whitaker/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2014 às 21h07.

São Paulo - Associações do setor elétrico acreditam que o governo federal está atrasado no que se refere à adoção de medidas preventivas para evitar um colapso no fornecimento de energia no País.

Segundo as entidades, campanhas educativas e até mesmo programas de incentivo à redução do consumo deveriam ter sido adotados já no início da crise hidrológica que afeta os reservatórios das usinas.

"Na visão do setor, essas são as alternativas mais recomendáveis neste momento. A situação é preocupante e você precisa dar sinais mais claros disso à população", afirmou o presidente do Fórum de Associações do Setor Elétrico Brasileiro (Fase), Mário Menel.

"Na verdade, a sinalização do governo até o momento é justamente no sentido contrário, com a redução das tarifas de energia elétrica através da MP (Medida Provisória) 579", completou o presidente do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), Alexei Vivian.

Em entrevista, os representantes do setor consideram que a não aplicação das bandeiras tarifárias para a distribuidoras, prevista para o final do ano passado, foi "uma oportunidade perdida" no sentido de desestimular o desperdício de energia.

As bandeiras tarifárias sinalizariam para o consumidor o real custo da energia gerada naquele período.

Ainda de acordo com os especialistas, o ano eleitoral e a exposição do Brasil no cenário internacional devido à realização da Copa do Mundo podem explicar a ausência de programas para a racionalização de energia.

"E isso ocorre independentemente de partido. Qualquer governo teria, nesse contexto, receio de falar em medidas de restrição de consumo, ainda que não fale de racionamento", explicou Vivian.

Racionamento

Apesar de considerar crítica a atual situação das hidrelétricas brasileiras, a Fase, que agrega, entre outras associações, a Abrace (grandes consumidores), Abrage (grandes geradores) e Abraget (geradores termoelétricos), e a FMASE descartam a hipótese efetiva de um racionamento de energia no País em 2014.

"O risco (de um racionamento) sempre existe, mas a possibilidade efetiva de um racionamento ainda neste ano é praticamente nula", disse Menel.

Hoje, durante um evento com analistas e investidores, executivos da Cemig citaram estudo da consultoria PSR, no qual a probabilidade de insuficiência dos reservatórios para atender à demanda por energia em 2014 seria de 46%.

O resultado dos cálculos da PSR, feitos com base em dados oficiais de oferta, demanda e hidrologia utilizados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), difere da probabilidade de insuficiência de 6,7% apresentada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) no início deste mês.

Publicado em abril, o relatório da consultoria, sugere ainda uma redução de 6% no consumo mensal de energia entre maio e novembro com o objetivo de garantir a oferta de energia até 2015.

"O grande problema é que estamos retardando uma solução para 2015, quando, então, dependeremos da quantidade de chuvas, o que torna o risco de um racionamento mais alto", disse Vivian, destacando a importância de medidas preventivas.

O diretor de Geração e Transmissão da Cemig, Luiz Henrique de Castro Carvalho, também defendeu que medidas de estímulo ao consumo eficiente de energia já deveriam ter sido tomadas.

"Sem uma medida de racionalização agora, é provável um racionamento mais agressivo para frente", disse. O diretor Comercial da Cemig, José Raimundo Dias Fonseca, acrescentou que a definição sobre o racionamento depende da hidrologia dos próximos meses e disse que "o risco existe sim, e é real", mas considera provável que se consiga passar por este ano sem racionamento.

Há duas semanas, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, descartou a possibilidade de incentivo governamental à racionalização do consumo de energia.

"Não proporemos racionalização ou racionamento de energia desnecessariamente, mas ninguém está proibido de fazê-lo", disse o ministro na ocasião.

São Paulo - Imagine um lugar onde o pôr do sol é sinônimo de escuridão e quem quiser um pouco de luz para cozinhar, estudar ou trabalhar durante a noite precisa recorrer a pedaços de madeira ou lampiões de querosene, cuja fumaça é extremamente prejudicial à saúde. E onde recarregar um aparelho elétrico siginifica viajar mais de 72 horas até um posto comercial com luz. Pelo menos 1,2 bilhão de pessoas no mundo vivem nessa condição de isolamento energético, sem acesso à rede elétrica, segundo um novo  relatório do Banco Mundial em parceria com o Conselho Mundial de Energia.
  • 2. Índia

    2 /12(Getty Images)

  • Veja também

    Total de isolados energéticos: 306,2 milhões População com luz em 1990: 51% População com luz em 2010: 75% Quem tem luz no campo: 67% Quem tem luz na cidade: 93%
  • 3. Nigéria

    3 /12(Getty Images)

  • Total de isolados energéticos: 82.4 milhões População com luz em 1990: 42% População com luz em 2010: 48% Quem tem luz no campo: 35% Quem tem luz na cidade: 62%
  • 4. Bangladesh

    4 /12(Getty Images)

    Total de isolados energéticos: 66.6 milhões População com luz em 1990: 22% População com luz em 2010: 55% Quem tem luz no campo: 43% Quem tem luz na cidade: 88 %
  • 5. Etiópia

    5 /12(Getty Images)

    Total de isolados energéticos: 63.9 milhões População com luz em 1990: 10 % População com luz em 2010: 23 % Quem tem luz no campo: 5% Quem tem luz na cidade: 82%
  • 6. Congo

    6 /12(Getty Images)

    Total de isolados energéticos: 55.9 milhões População com luz em 1990: 24% População com luz em 2010: 37% Quem tem luz no campo: 9% Quem tem luz na cidade: 53%
  • 7. Tanzânia

    7 /12(Getty Images)

    Total de isolados energéticos: 38.2 milhões População com luz em 1990: 7% População com luz em 2010: 15% Quem tem luz no campo: 4% Quem tem luz na cidade: 46%
  • 8. Quênia

    8 /12(Getty Images)

    Total de isolados energéticos: 31,2 milhões População com luz em 1990: 11 % População com luz em 2010: 23% Quem tem luz no campo: 8% Quem tem luz na cidade: 71%
  • 9. Sudão

    9 /12(Getty Images)

    Total de isolados energéticos: 30.9 milhões População com luz em 1990: 23 % População com luz em 2010: 29% Quem tem luz no campo: 15% Quem tem luz na cidade: 57%
  • 10. Uganda

    10 /12(Getty Images)

    Total de isolados energéticos: 28.5 milhões População com luz em 1990: 7% População com luz em 2010: 15% Quem tem luz no campo: 5% Quem tem luz na cidade: 67%
  • 11. Myanmar

    11 /12(Getty Images)

    Total de isolados energéticos: 24.6 milhões População com luz em 1990: 43% População com luz em 2010: 49% Quem tem luz no campo: 28% Quem tem luz na cidade: 92%
  • 12. Mimos verdes

    12 /12(Divulgação)

  • Acompanhe tudo sobre:EletricidadeEnergiaEnergia elétricaInvestimentos de governoServiços

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Brasil

    Mais na Exame