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Setor elétrico vê chuvas insuficientes em abril

Chuvas não deverão ser suficientes para recuperar o nível de armazenamento de água dos principais reservatórios das hidrelétricas


	Solo ressecado é visto na represa de Jaguary, em Bragança Paulista:  vazão de chuvas esperada em abril é de cerca de 83% da média histórica para o mês
 (Nacho Doce/Reuters)

Solo ressecado é visto na represa de Jaguary, em Bragança Paulista:  vazão de chuvas esperada em abril é de cerca de 83% da média histórica para o mês (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2014 às 17h39.

São Paulo - As chuvas esperadas para abril não deverão ser suficientes para recuperar o nível de armazenamento de água dos principais reservatórios das hidrelétricas localizadas no Sudeste/Centro-Oeste do país, elevando preocupações sobre o fornecimento de energia neste e no próximo ano, avaliaram agentes do setor elétrico.

A vazão de chuvas esperada em abril é de cerca de 83 por cento da média histórica para o mês, que tradicionalmente é mais fraco em relação aos demais meses do período úmido, disse o diretor comercial da Bolt Comercializadora, Rodolfo Salazar, com base em informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Isso significa que irá chover menos em abril que em março, fevereiro e janeiro, quando houve queda de cerca de 7 pontos percentuais nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste.

"Ao que tudo indica, parece que teremos poucos episódios de chuva no mês (de abril)", disse Salazar.

Ele avalia que pode haver elevação apenas "marginal" no nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste ao longo de abril, tornando a situação mais crítica com a chegada do período seco.

O nível dos reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste estão a 36,02 por cento atualmente, segundo dados do ONS fechados em quinta-feira, abaixo da previsão de que ficariam em 36,9 por cento. O nível ainda é superior ao registrado no fim de março de 2011, ano do racionamento de energia, quando estava em 34,53 por cento.

No Sul, o nível dos reservatórios está a 46,18 por cento, no Nordeste a 41,63 por cento, e no Norte, que passa por cheias históricas, a 85,21 por cento.


"Eu vejo uma situação muito crítica, pelo jeito, sem uma perspectiva de reversão", disse o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Carlos Ribeiro. "Se não houver uma operação muito prudente, guardando uma parte da água para o próximo período chuvoso, pode se caracterizar numa situação mais grave ainda ano que vem", acrescentou.

A alternativa mais cautelosa seria economizar energia por meio de medidas de incentivo à eficiência no uso da energia, disse. "A única variável sobre a qual temos controle é a redução do consumo."

Meteorologista da Climatempo disse à Reuters na quinta-feira que há possibilidade de o fenômeno El Niño ocorra neste ano, provocando mais chuvas no Sul no próximo período úmido e podendo também melhorar a situação em parte da região Sudeste.

O fenômeno climático, no entanto, não seria suficiente para resolver o problema dos reservatórios, que estão muito baixos e tendem a cair até a próxima estação chuvosa.

Mas mesmo que o El Niño provoque mais chuvas no Sudeste, o que não é certo, tende a elevar temperaturas nessa região, o que geralmente causa aumento do consumo de energia, pelo uso de aparelhos de refrigeração. Além disso, o fenômeno normalmente reduz as chuvas no Nordeste.

O ONS divulga ainda nesta sexta-feira os seus relatórios referentes às previsões de chuvas e níveis dos reservatórios das hidrelétricas em abril.

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