Servidores da Câmara de SP se recusam a assinar aposentadoria
A Mesa Diretoria da Casa anunciou as primeiras 14 aposentadorias "forçadas" como uma das ações para enxugar os gastos da Câmara
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 23h01.
São Paulo - Convocados para formalizar o desligamento funcional da Câmara Municipal nesta quinta-feira, 16, os servidores com mais de 75 anos de idade alvos da política de aposentadoria compulsória promovida pelo comando do Legislativo decidiram não assinar a saída forçada da Casa.
A orientação foi dada pelo Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal e do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (Sindilex), que aguarda o julgamento de um mandado de segurança no Tribunal de Justiça contra a prática anunciada pelo Legislativo em janeiro.
Na ocasião, a Mesa Diretoria da Casa anunciou as primeiras 14 aposentadorias "forçadas" como uma das ações para enxugar os gastos da Câmara. Na lista estão ascensorista, barbeiro, copeira, garçom, motorista e um médico que recebem salários entre R$ 8.900 e R$ 19 mil. Segundo o Legislativo, a medida vai gerar uma economia de R$ 3,6 milhões por ano.
O sindicato, contudo, afirma que nenhum dos servidores irá atender a convocação para formalizar seu desligamento funcional e que a decisão foi comunicada oficialmente à Secretaria Geral Administrativa (SGA) da Casa nesta quarta-feira, 15.
A entidade afirma que "adotou essa medida por repudiar a postura intempestiva da presidência da Casa em relação ao funcionalismo". Segundo o sindicato, "além de desrespeitar os trabalhadores, a direção da Câmara também mostra total desprezo ao Poder Legislativo, ao Judiciário, à Constituição Federal e à população da maior cidade do País".
Ainda de acordo com o sindicato, "a aplicabilidade da regra de aposentadoria compulsória está em análise no Tribunal de Justiça em função de mandado de segurança" apresentado no dia 31 de janeiro e que ainda não foi julgado. Portanto, afirma a entidade, "o processo encontra-se sub judice, o que invalida qualquer ato administrativo até a decisão final por parte do TJ".
O sindicato afirma que tenta há dez anos discutir com a Câmara medidas de redução de custos e que já propôs um Plano de Demissão Voluntária (PDV) em 2012 que foi ignorado. Segundo a entidade, o atual presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), não atendeu pedido de reunião feito pelos sindicalistas.
"A tentativa de jogar a sociedade contra os servidores é uma agressão aos princípios democráticos brasileiros e uma estratégia indigna de alguns representantes eleitos pela população para conquistar os holofotes da mídia. Medidas unilaterais como as que estão sendo tomadas pela direção da Câmara não apenas desvirtuam o debate político como podem produzir sérios prejuízos futuros à estrutura estável da instituição", conclui.