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Servidores da Alesp doaram R$ 103 mil para campanha de Cauê Macris

As contribuições eleitorais de servidores à campanha de Cauê devem ser alvo de investigação do Ministério Público Estadual

Deputado Cauê Macris (Alesp/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 09h37.

São Paulo - Nove funcionários comissionados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), entre assessores, diretores e até o secretário-geral de administração, doaram, juntos, R$ 103,5 mil para a campanha à reeleição do presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB). O tucano é o favorito para vencer a eleição da Mesa Diretora no dia 15 de março.

Registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que seis contribuições foram feitas por meio de transferências bancárias no mesmo dia, em 19 de outubro de 2018, 12 dias após as eleições. Três funcionários doaram R$ 20 mil cada um, mais do que recebem de salário líquido da Alesp.

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Na lista está o atual diretor do Departamento de Comunicação da Alesp, Matheus Granato, ex-assessor de imprensa de Cauê Macris. "A doação foi legal e compatível com a minha renda", afirmou Granato, que recebe salário líquido de R$ 19,5 mil e disse ter feito a contribuição ao presidente da Casa de forma espontânea. "Não sabia que outros funcionários também fizeram doações".

O atual secretário-geral de administração da Alesp, Joel José Pinto de Oliveira, ex-assessor de gabinete do tucano, e o vice-prefeito de Americana, Roger Willians (PSDB), que se licenciou do cargo na cidade do interior para ser assessor especial de Cauê no Legislativo, também doaram R$ 20 mil cada. A reportagem não conseguiu localizá-los ontem.

Os valores são bem superiores ao que o próprio presidente da Alesp investiu na sua campanha: apenas R$ 1,8 mil. Ao todo, o tucano arrecadou R$ 751 mil, segundo registro no TSE, sendo que R$ 170 mil foram recursos do fundo eleitoral transferidos pela campanha do pai, o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB), e R$ 150 mil por um empresário de Americana, reduto eleitoral da família Macris.

As contribuições eleitorais de servidores à campanha de Cauê devem ser alvo de investigação do Ministério Público Estadual (MPE). Ontem, o deputado estadual eleito Gil Diniz (PSL) formalizou um termo de declaração na Promotoria do Patrimônio Público pedindo apuração sobre o caso. Ele é líder do partido que lançou a deputado Janaína Paschoal para a presidência da Alesp.

Segundo Diniz, além dos funcionários da Alesp, 92 agentes fiscais de renda, lotados na Secretaria Estadual da Fazenda, também fizeram doações oficiais ao tucano, entre R$ 1 mil e R$ 5 mil. "Essa questão chegou até a mim por meio de eleitores. Como me pareceu atípico, resolvi acionar o MP, órgão competente para investigar isso."

O promotor Silvio Marques colheu o depoimento do deputado e encaminhou o documento ao procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, que analisará quem tem competência para investigar o parlamentar.

Em nota, o presidente da Alesp afirmou que "causa estranheza que nas vésperas da eleição da Mesa Diretora", o líder do PSL "tente criar um factoide político com uma denúncia caluniosa". Segundo a nota, as contas de Cauê foram aprovadas pelo TSE. "Aqueles que se intitulam a nova política utilizam de práticas obscuras da velha política para tentar confundir a sociedade, como se existisse algo ilegal na prestação de contas do deputado".

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