Se achar ruim, é só votar contra Eduardo, diz presidente de Comissão
Nelsinho Trad (PSD-MS) afirmou que nenhuma pauta, nem mesmo a Previdência, vai alterar ritmo dos trabalhos da comissão de Relações Exteriores
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de julho de 2019 às 15h11.
Última atualização em 17 de julho de 2019 às 16h49.
Brasília — Presidente da comissão de Relações Exteriores no Senado , Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou nesta quarta-feira (17), que nenhuma pauta, nem mesmo da reforma da Previdência , vai alterar o ritmo dos trabalhos da comissão, que terá de avaliar a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), caso seja confirmada, para assumir a embaixada brasileira em Washington (EUA).
"Nenhuma pauta vai mudar o rito que nós temos que pregar na tramitação dos projetos da comissão", afirmou a jornalistas.
Trad, que presidiu nesta quarta a última reunião do grupo antes do recesso parlamentar, prevê um prazo de 45 dias para a Casa analisar o caso de Eduardo, a partir do momento em que o nome chegar ao Senado.
Na terça-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro disse que, da parte dele, "está definido" que o deputado, seu filho, será indicado para o cargo.
Para Trad, o fato de Eduardo não ser de carreira diplomática pode fazer o clima ficar mais "quente do que normalmente é" na comissão.
Mas o parlamentar ponderou que o grupo está "preparado" e seguirá as regras do regimento e da Constituição. "Sou cirurgião, sou acostumado à pressão", afirmou o senador, que é formado em Medicina.
Depois de ter dito ao jornal O Estado de S. Paulo na última sexta-feira (12) que irá votar a favor à indicação de Eduardo Bolsonaro, Trad afirmou nesta quarta que, como presidente da comissão, precisa ter uma "postura totalmente imparcial".
"Até porque está na moda essa questão de parcialidade de magistrado, né? O rito vai ser mesmo, igual, para todos. Seja filho, seja quem for", afirmou, ao ser perguntado sobre como avaliava o "clima" da comissão em relação à nomeação do "filho 03" do presidente.
O parentesco entre Jair e Eduardo, que rendeu por parte da oposição críticas e acusações de nepotismo, pode ou não ser considerado nos votos dos senadores da comissão, avalia Trad.
Se isso será avaliado pelo relator, irá depender de quem será o senador responsável pela tarefa. O presidente da comissão contou que quatro parlamentares já pediram a ele para relatarem o caso. "Tem gente contra e a favor", afirmou, sem revelar os nomes.
“Se o indicado é parente epode caracterizar um nepotismo, e o senador achar isso, que realmente é algo que é um empecilho, ele vota contra”, continuou.
Trad contou que tem um mapa que indica os senadores que já relataram outras nomeações, para que, ao decidir sobre as novas relatorias, possa fazer uma distribuição mais igualitária dentro da comissão.
"E a gente procura distribuir até para poder gerar uma participação da coletividade que compõe a comissão", explicou.
Voto de Flávio Bolsonaro
Trad afirmou que não há nenhum impedimento regimental que proíba o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) de votar na indicação do irmão.
Flávio é suplente da comissão e, em tese, só votaria no irmão caso o titular faltasse à sessão em que o caso será discutido. "Ele (Flávio Bolsonaro) é suplente, mas acho que é um problema dele (votar ou não no irmão). Nada o impede (no regimento)".
"Ele (Bolsonaro) me perguntou qual seria a impressão do Senado, e eu manifestei para ele que isso é uma decisão pessoal do presidente. O presidente tem que decidir se irá indicar. E eu, como presidente do Senado, vou receber a mensagem, encaminhar para a Comissão de Relações Exteriores, e os senadores irão, na comissão, fazer a sabatina e o Plenário vai decidir", afirmou, ontem, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Líder do PSL e membro da CRE, senador Major Olímpio (PSL-SP) avalia que não haverá um "cavalo de batalha" em relação a essa indicação. "Defendo, defenderei e votarei para o Eduardo ser embaixador, se for indicado pelo Bolsonaro", afirmou o senador por meio de sua conta em uma rede social.
Tanto governistas quanto opositores avaliam que possa ocorrer uma "dança das cadeiras" na comissão para a votação da indicação de Eduardo. Hoje, a comissão é formada por 18 senadores divididos quase igualmente entre governistas, oposição e independentes.