(Gabriel Zapella/Cidasc/Divulgação)
Fabiane Stefano
Publicado em 27 de novembro de 2020 às 13h52.
Última atualização em 27 de novembro de 2020 às 13h55.
As sementes misteriosas que chegaram da China pelo correio na casa de brasileiros em vários estados contém pragas que não existem naturalmente no Brasil e que representam risco às espécies vegetais do país. A conclusão é do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que analisou 36 amostras de pacotes de sementes - 47% delas apresentaram algum tipo de risco fitossanitário.
Presente em uma das amostras, a espécie Myosoton aquaticum, por exemplo, é uma praga resistente a herbicidas, o que torna o seu controle uma tarefa bastante difícil. Considerada uma planta invasora no México, Japão, Coreia, Chile e Austrália, a Descurainia sophia também foi encontrada em quatro pacotes analisados. Uma outra, a Myosoton aquaticum é considerada daninha nos campos de trigo da China.
Segundo um comunicado do Mapa, outras 15 amostras continham gêneros que tem espécies quarentenárias (que ameaçam a economia agrícola do país ou região importadora), como sementes de Cuscuta, Brassica, Chenopodium, Amaranthus e dos fungos Cladosporium, Alternaria, Fusarium, e Bipolaris.
Justamente por conta desses ricos, a importação de sementes deve seguir as exigências estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, que variam de acordo com o país de origem. O órgão pede cuidado à população e recomenda àqueles que receberem encomendas com sementes não solicitadas que as encaminhem para análise através das unidades estaduais do Mapa.
Procurada pela EXAME, a Embaixada da China no Brasil disse que o China Post segue estritamente as disposições da União Postal Universal, que proíbe o transporte de sementes pelos correios.
“O estado de Santa Catarina do Brasil encontrou recentemente algumas embalagens de sementes com etiquetas de endereço sugerindo que elas foram enviadas da China. Após verificação com o China Post, essas etiquetas de endereço se revelaram falsas com layouts e informações errôneos”, diz a embaixada.