Câmara: nenhum deputado compareceu à reunião dessa tarde, nem mesmo o presidente ou o relator (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2016 às 15h40.
Brasília - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Máfia do Futebol corre o risco de ser encerrada sem sequer aprovar um relatório final dos trabalhos realizados pelos deputados.
Sem quórum, a reunião dessa segunda-feira, marcada para votar o parecer do relator Fernando Monteiro (PP-PE), foi cancelada.
Nenhum deputado compareceu à reunião dessa tarde, nem mesmo o presidente ou o relator.
De acordo a assessoria da comissão, o relatório foi apresentado ao meio-dia, o que dificultou a leitura do documento. Por essa razão, houve acordo para que a reunião fosse cancelada.
A comissão, que já havia sido prorrogada por 20 dias, se encerra nesta terça-feira. Outra reunião já está marcada para a mesma data às 9h30.
O intuito de Monteiro é ler, discutir e votar o relatório nessa sessão final. Mas como há a possibilidade de os deputados pedirem vista do relatório, o presidente do colegiado, Laudívio Carvalho (SD-MG), irá tentar uma nova prorrogação da comissão para o fim dessa semana.
Na Câmara, diferentemente do Senado, onde corre outra CPI para a apuração de corrupção no futebol brasileiro, a prorrogação da comissão não depende apenas de assinaturas dos deputados.
Precisa passar também por uma autorização do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os deputados acreditam que, com o argumento do pedido de vistas, será possível convencer o presidente de uma nova prorrogação.
A CPI investiga dirigentes da FIFA que foram presos na Suíça em 2015 acusados de vários crimes, como fraude, suborno e formação de quadrilha. Entre eles, o ex-presidente da CBF José Maria Marin.
A comissão foi criada em março deste ano e teve apenas 16 sessões realizadas. Durante esse período, a CPI ouviu o pai do jogador Neymar, do Barcelona, o ex-deputado e secretário-geral da CBF, Walter Feldman, e jornalistas que acompanharam as investigações sobre o escândalo de corrupção na Fifa.
Os principais alvos das investigações da CPI eram os dirigentes José Maria Marin, Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero, que sequer foram ouvidos pelos parlamentares.
A CPI chegou a aprovar requerimento para que membros fossem aos Estados Unidos e à Suíça buscar documentos e informações sobre as apurações, mas com o prazo exíguo, nenhum deputado conseguirá viajar a tempo.
Segundo assessores da comissão, o andamento dos trabalhos da CPI foi prejudicado pela comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff e pelas sessões do Conselho de Ética que analisava o processo por quebra de decoro parlamentar do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Membros da CPI que integravam esses colegiados acabaram priorizando o impeachment e o pedido de cassação de Cunha.