Fios de poste: centro de São Roque está sem energia (Fabio Luiz A. Silva/ Flickr Commons)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de novembro de 2016 às 11h38.
Última atualização em 5 de novembro de 2016 às 11h39.
Sorocaba - Nos últimos três dias, a escuridão tomou conta da região central de São Roque, cidade de 80 mil habitantes, na região de Sorocaba (SP). Os moradores estranharam as luzes dos postes apagadas, altas horas da noite, em plena Avenida Três de Maio, no coração da cidade.
A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) cortou a energia elétrica porque a prefeitura atrasou em 60 dias o pagamento das contas. "Com luz já é arriscado para quem trabalha nessa região à noite, imagine assim, tudo no escuro", disse o taxista José Marques da Silva, que tem ponto na Praça da República. "Sou nascido e criado aqui, nunca vi uma situação como essa em São Roque."
De acordo com a concessionária, apenas nas áreas de cobertura da CPFL Piratininga e CPFL Paulista, que abrangem 261 municípios, 15 prefeituras estão com o fornecimento parcialmente suspenso.
Em Rio das Pedras, região de Piracicaba, o corte atinge há uma semana a rodoviária, o centro comunitário e o ginásio de esportes. Em Ibiúna, algumas áreas estão sem iluminação pública. Em Itu, o desligamento afetou serviços administrativos da empresa de abastecimento e saneamento.
Segundo o gerente de relacionamento com o poder público da CPFL, Devanir Mantoani Junior, a falta de pagamento está relacionada com a queda de arrecadação. "A inadimplência no setor público, que era de 1,5% em dezembro, está em torno de 10%. Fechamos o ano passado com R$ 5 milhões em aberto, hoje estamos com R$ 64 milhões", disse.
Desse montante, 80% são devidos pelas prefeituras. "O desligamento é o último recurso, depois de esgotadas todas as tentativas de recebimento." Os cortes poupam os serviços essenciais, como abastecimento de água, saúde e escolas.
Em São Roque, a prefeitura recorreu à Justiça na tentativa de restabelecer a iluminação, mesmo com as contas atrasadas. O juiz Roge Naim Tenn, da 1.ª Vara Cível, negou pedido de liminar alegando que se tratava de obrigação do município manter as contas em dia. A prefeitura não esperou o julgamento do recurso e pagou ontem as contas em atraso, de R$ 136 mil.
"Assim como grande parte das prefeituras municipais do País, estamos sofrendo com a queda de arrecadação e de repasses dos governos federal e estadual", informou a prefeitura em nota. As administrações de Ibiúna e Rio das Pedras informaram que estão fazendo esforços para regularizar a situação As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.