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Sem cartolas, Marin tem rotina de passeios, leitura e igreja

O único dirigente brasileiro preso no escândalo do futebol, José Maria Marin, já não fala da modalidade

José Maria Marin, ex-presidente da CBF: Marin foi autorizado a permanecer em seu apartamento (REUTERS/Jorge Adorno/Files)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2016 às 12h30.

Genebra - O único dirigente brasileiro preso no escândalo do futebol , José Maria Marin, já não fala da modalidade, não tem contato com cartolas e nem mesmo acompanha os resultados de seu time, o São Paulo.

Em prisão domiciliar em seu apartamento de luxo em Nova York , Marin aguarda seu julgamento e uma próxima audiência no início de agosto. E, enquanto isso, começa a ganhar uma liberdade cada vez maior.

Em um ano, o brasileiro foi obrigado a buscar mais de R$ 60 milhões em garantias de crédito para sua fiança, para pagar por sua segurança e por um pequeno batalhão de advogados na Suíça, EUA e Brasil.

Com 84 anos, Marin foi autorizado a permanecer em seu apartamento. Pouco a pouco, sua rotina ganhou ares de liberdade. Se nos primeiros meses era obrigado a manter um segurança na porta de seu apartamento 24h por dia e usar uma tornozeleira, hoje Marin já não precisa ser vigiado da mesma forma.

Às segundas, quartas e sextas, ele desce até a academia de seu prédio para fazer exercícios e esteira, sem qualquer segurança. Às terças, ele pode ir ao supermercado. Toda quinta-feira, ele tem o direito de sair, entre as 13h e as 17h, em uma "programação livre". Marin caminha pelos parques, vai a lojas de CDs e livrarias, sempre acompanhado por um segurança. Aos domingos, é a vez da Igreja com sua esposa, Neusa.

Marin ainda sai para ir ao escritório de seus advogados e, se necessário, ao médico. Mas, depois de realizar exames, foi constatado que ele está bem de saúde.

Ele recebe todos os dias o jornal New York Times, ao qual dedica boa parte de sua manhã em leituras. Na semana passada, mostrou a seu advogado uma notícia que encontrou: a da extradição de Julio Rocha, seu ex-companheiro na Fifa e também preso no mesmo dia em que foi detido em Zurique.

O que, sim, preocupa Marin é a crise política no Brasil. Mostrando-se alarmado, ele acompanha o caso pela imprensa internacional e perguntando a seus interlocutores. O cartola foi sempre contrário à presidente afastada Dilma Rousseff e nunca escondeu das pessoas mais próximas a falta de simpatia com o governo.

Apesar da liberdade cada vez maior, a rotina se contrasta com a agenda de um ex-governador e ex-chefe da CBF, repleta de encontros, viagens e bajulação. Hoje, ele não recebe visitas e nem telefonemas de dirigentes brasileiros de clubes, algo que era diário em sua vida antes de 27 de maio de 2015. Da CBF, Marco Polo del Nero e Ricardo Teixeira, os contatos são proibidos.

DEFESA

Sua defesa, porém, garante que não existe qualquer plano de um acordo de delação premiada. O argumento dos advogados é de que as provas que existem contra Marin são frágeis e que poderiam não ser suficientes para convencer o juiz a condená-lo.

O Departamento de Justiça dos EUA tem até o final de junho para apresentar para a corte as provas contra o brasileiro e uma audiência está marcada para agosto. A esperança dos advogados é de que ele ainda seja inocentado.

Com ou sem uma condenação, pessoas próximas a ele constatam que ele não fala mais de futebol, nem sobre a seleção brasileira e nem sobre o São Paulo. Há poucas semanas, um de seus quatro advogados comentou o fato de que a escolha do dirigente de trazer Dunga depois da Copa de 2014 de volta ao comando da seleção havia sido um "desastre". Ele apenas riu.

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Com 84 anos, Marin foi autorizado a permanecer em seu apartamento. Pouco a pouco, sua rotina ganhou ares de liberdade. Se nos primeiros meses era obrigado a manter um segurança na porta de seu apartamento 24h por dia e usar uma tornozeleira, hoje Marin já não precisa ser vigiado da mesma forma.

Às segundas, quartas e sextas, ele desce até a academia de seu prédio para fazer exercícios e esteira, sem qualquer segurança. Às terças, ele pode ir ao supermercado. Toda quinta-feira, ele tem o direito de sair, entre as 13h e as 17h, em uma "programação livre". Marin caminha pelos parques, vai a lojas de CDs e livrarias, sempre acompanhado por um segurança. Aos domingos, é a vez da Igreja com sua esposa, Neusa.

Marin ainda sai para ir ao escritório de seus advogados e, se necessário, ao médico. Mas, depois de realizar exames, foi constatado que ele está bem de saúde.

Ele recebe todos os dias o jornal New York Times, ao qual dedica boa parte de sua manhã em leituras. Na semana passada, mostrou a seu advogado uma notícia que encontrou: a da extradição de Julio Rocha, seu ex-companheiro na Fifa e também preso no mesmo dia em que foi detido em Zurique.

O que, sim, preocupa Marin é a crise política no Brasil. Mostrando-se alarmado, ele acompanha o caso pela imprensa internacional e perguntando a seus interlocutores. O cartola foi sempre contrário à presidente afastada Dilma Rousseff e nunca escondeu das pessoas mais próximas a falta de simpatia com o governo.

Apesar da liberdade cada vez maior, a rotina se contrasta com a agenda de um ex-governador e ex-chefe da CBF, repleta de encontros, viagens e bajulação. Hoje, ele não recebe visitas e nem telefonemas de dirigentes brasileiros de clubes, algo que era diário em sua vida antes de 27 de maio de 2015. Da CBF, Marco Polo del Nero e Ricardo Teixeira, os contatos são proibidos.

DEFESA

Sua defesa, porém, garante que não existe qualquer plano de um acordo de delação premiada. O argumento dos advogados é de que as provas que existem contra Marin são frágeis e que poderiam não ser suficientes para convencer o juiz a condená-lo.

O Departamento de Justiça dos EUA tem até o final de junho para apresentar para a corte as provas contra o brasileiro e uma audiência está marcada para agosto. A esperança dos advogados é de que ele ainda seja inocentado.

Com ou sem uma condenação, pessoas próximas a ele constatam que ele não fala mais de futebol, nem sobre a seleção brasileira e nem sobre o São Paulo. Há poucas semanas, um de seus quatro advogados comentou o fato de que a escolha do dirigente de trazer Dunga depois da Copa de 2014 de volta ao comando da seleção havia sido um "desastre". Ele apenas riu.

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