Brasil

Segurança terá subsecretarias das Polícias Civil e Militar

Além de anunciar o plano de reestruturação da pasta, o secretário confirmou ontem os nomes escolhidos para chefiar as polícias do Estado


	Viaturas da Polícia Civil cercam rua: "os menores hoje são os 007, têm licença para matar", diz novo secretário da Polícia Civil
 (Reprodução Vimeo/Prefeitura de São Paulo)

Viaturas da Polícia Civil cercam rua: "os menores hoje são os 007, têm licença para matar", diz novo secretário da Polícia Civil (Reprodução Vimeo/Prefeitura de São Paulo)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2015 às 10h10.

São Paulo - O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, pretende fazer uma reforma administrativa na pasta e criar duas subsecretarias. Uma ligada à polícia judiciária, à investigação de crimes, que cuidaria da Polícia Civil e das relações com a Polícia Federal.

A outra seria responsável pelo policiamento ostensivo, portanto, com a atribuição para tratar da Polícia Militar e coordenar ações com as Guardas Civis no Estado.

Para a subsecretaria da PM, Moraes analisa o nome do coronel Roberto Allegretti, que foi o secretário-chefe da Casa Militar de 2001 a 2004 durante o primeiro governo de Geraldo Alckmin (PSDB).

Allegretti atualmente preside Associação Fundo de Auxílio Mútuo dos Militares do Estado (AFAM), que Moraes defendeu como advogado.

No caso da futura subsecretaria da Polícia Civil ainda não há um nome definido, mas o cargo pode ser ocupado por um delegado aposentado - o secretário adjunto, o procurador Mágino Alves Barbosa Filho, continuaria responsável pelas questões administrativas da pasta.

Além de anunciar o plano de reestruturação da pasta, o secretário Moraes confirmou ontem os nomes escolhidos para chefiar as polícias do Estado.

Conforme revelado pelo Estado, o novo delegado-geral será Youssef Abou Chahin e o comandante-geral, o coronel Ricardo Gambaroni. Eles vão substituir o delegado Maurício Blazeck e o coronel Benedito Roberto Meira.

Em seu discurso de apresentação dos novos chefes, o secretário deu ênfase no combate aos crimes contra o patrimônio.

De fato, o Estado de São Paulo tem hoje o segundo menor índice de homicídios por cem mil habitantes no País - perde para Santa Catarina -, mas vive uma crise, principalmente, com a explosão dos roubo, que registram 18 meses de altas consecutivas.

"Nós vamos readequar isso exatamente para que nós possamos diminuir esses índices de crime contra o patrimônio", disse o secretário.

Ele afirmou esperar que Gambaroni organize o policiamento a fim de que ele tenha "mais constância e permanência" nos locais de maior incidência com a participação das forças táticas e das equipes das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota).

Gambaroni comandou o Grupamento de Radiopatrulha Aérea (GRPAe), onde trabalhou por cerca de 20 anos. Contava com a simpatia de seu antecessor, o coronel Meira, e do deputado estadual coronel Paulo Adriano Telhada (PSDB).

Civil

No caso da Polícia Civil, o novo secretário afirmou que "a grande meta é aumentar a eficácia das investigações". Atualmente, cerca de 2% dos crimes de autoria desconhecida são esclarecidos por meio de investigações. A ideia é aumentar a eficiência do aparelho policial, como forma de se combater a impunidade.

"A missão do delegado Youssef, com essa montagem do conselho da Polícia Civil, é unir a investigação do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) com o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) e o Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo)."

Aqui, mais uma vez, a ênfase do discurso do secretário se concentrou no combate aos crimes contra o patrimônio.

"Unir principalmente o Deic e o Denarc com essa questão do patrimônio, porque, não sei se vocês sabem, o produto do crime contra o patrimônio - os celulares e os relógios - são trocados por drogas. Há necessidade desse maior cruzamento de dados e atuação conjunta entre o Deic e o Denarc", afirmou Moraes.

Youssef deve concluir a formação do Conselho da Polícia Civil até sexta-feira. Blazeck, seu antecessor, deve chefiar a Academia da Polícia Civil.

A Baixada Santista deve ter um novo chefe: o delegado Gaetano Vergine, que assume com a missão de dar um basta aos arrastões nas praias e estradas que ligam a capital ao litoral.

Por fim, um nome novo deve compor o conselho: o delegado Maurício Guimarães Soares, veterano da Delegacia Antissequestro, onde trabalhou com Youssef.

Entrevista - Youssef Abou Chahin, novo chefe da Polícia Civil.

Como o senhor analisa a participação de menores em crimes?

Os menores hoje são os 007, têm licença para matar (referência a um dos filmes de James Bond), porque não vão presos, ficam na Fundação Casa um período e saem. O governador Alckmin já apresentou um projeto (em 2014), mas teve Copa, etc. Pelo que o secretário me passou, não vamos trabalhar só na consequência, mas também na causa.

Os crimes contra o patrimônio têm solução?

Na verdade, há um conjunto de medidas. Não dá para trabalharmos só na consequência, que é a quantidade de roubos. Nós não vamos tratar de uma doença, de uma infecção, só passando pomada. Então, precisamos ir mais a fundo. Além de uma estruturação da polícia, um trabalho forte na inteligência, ligando os departamentos. Trabalhar também na conscientização dos nossos congressistas. Nós temos, por exemplo, vários ataques a ônibus, identificamos as pessoas, e quantas estão presas? Mas por quê? A polícia não prendeu? A polícia prendeu. O juiz soltou? Não, cumpriu a lei. Nós temos um conjunto de fatores.

Qual perfil o policial civil deve ter?

A polícia não é emprego, precisa ter vocação. Não adianta trabalhar em pronto-socorro se não gosta de ver sangue. Então, é isso que a gente pede para as pessoas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Estado de São PauloPolícia CivilPolícia FederalPolícia Militar

Mais de Brasil

PF: Plano para matar Moraes foi cancelado após recusa do exército em apoiar golpe

Gilmar Mendes autoriza retomada de escolas cívico-militares em São Paulo

Lula foi monitorado por dois meses pelos 'kids pretos', diz PF