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Seca continua a arruinar colheitas e castiga o Nordeste

Governo decretou estado de emergência em 1.187 municípios da região entre março e julho

Terra destruída pela seca: produção agrícola praticamente evaporou em vários estados da região (Dominique Faget/AFP)
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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2012 às 10h08.

Caruaru - A região Nordeste sofre desde o começo do ano uma grave seca que arruína suas colheitas, agrava a situação de pobreza da região mais pobre do país e transforma mais uma vez seus campos em um cenário desértico e desolador.

Entre os meses de março e julho, o governo decretou estado de emergência em 1.187 municípios da região, onde vivem cerca de 8,3 milhões de pessoas, segundo dados do Ministério de Integração Nacional.

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A produção agrícola praticamente evaporou em vários estados da região, que é uma das maiores zonas de cultivo de feijão, algodão, milho e rícino.

A colheita de feijão foi reduzida em 69,7% na atual temporada, de 961 mil toneladas para 290 mil, segundo dados fornecidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O lavrador José da Silva dos Santos mostrou à Agência Efe sua plantação de 15 hectares de feijão tipo carioca, o mais consumido no Brasil, que estava inteiramente queimada pelo sol.

As folhas e os galhos das plantas esfarelavam na mão do agricultor, que explicou que sua família consegue sobreviver graças ao envio de água, de 7,5 mil litros, feito pelo Exército a cada segunda e sexta-feira.

'Sem essa ajuda, teríamos que mudar daqui', afirmou o agricultor de 51 anos e estabelecido em Caruaru, uma das maiores cidades do Agreste de Pernambuco, uma estreita faixa de terra fértil entre a costa e a região árida do interior, onde não cai uma gota de água há quase um ano.

A terra dessa região está seca e rachada, enquanto os campos, que deveriam estar repletos de árvores frutíferas e plantações de milho e feijão, apresentam somente alguns talos espalhados e dos quais não se pode extrair nenhum fruto ou cereal.

A situação mais crítica está no estado da Paraíba, onde a colheita foi reduzida 94,6% em relação ao ano passado, enquanto em Pernambuco a baixa foi de 80,4%.

O milho, alimento presente em quase todos os pratos típicos da culinária nordestina, é um dos produtos agrícolas mais afetados pela seca em Pernambuco, onde sua produção foi reduzida em 87,4%.


Para evitar uma crise de fome na região, o governo ordenou o envio de milho no último mês de julho e, nas últimas semanas, elevou esse volume em 32%, passando de 5 mil toneladas semanais para 8 mil, de acordo com os dados do Ministério da Agricultura.

Diante desta situação, o Executivo também criou o Bolsa Estiagem, um subsídio de R$ 400 dividido em cinco mensalidades, que foi distribuído para aproximadamente um milhão de pequenos agricultores.

O plano de combate à seca representa um custo de R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos, incluindo a compra de caminhões-pipa, a construção de reservatórios, poços e caixas d'água.

Rita Marín de Freitas, outra agricultora da região de Caruaru, contou à Efe que um vereador da região leva água potável em um caminhão-pipa três vezes por semana ao seu povoado, mas a falta de chuva arruinou completamente o meio hectare de milho e feijão que tinha plantado junto à sua casa.

'Fazia muito sol, não chovia. Teve dias que chegou a garoar, mas não o suficiente para molhar a terra, sendo que depois voltava a fazer quatro ou cinco dias de sol quente. Isso, que Deus me perdoe, dói muito. Trabalhamos com todo o prazer para ter algo e, agora, não temos mais nada', lamentou Rita.

Segundo a agricultora, a região do Agreste possui um período de estiagem entre seis a sete meses, mas não 'o ano todo'.

'Não houve inverno. Não há água nem para os animais', disse Rita, que assegurou que a população da região está 'passando fome'.

'Quem tem uma pensão ainda tem alguma coisa para comer. Quem não tem, está andando de cidade em cidade pedindo ajuda para sobreviver', acrescentou a agricultora.

A esperança dos moradores da região gira em torno da chegada da temporada de chuvas, que dificilmente terá tão poucas precipitações como a que terminou no início deste ano. EFE

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