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São Paulo poderá usar volume morto até março de 2015

Reserva do Sistema Cantareira começou a ser oficialmente utilizado nesta quinta, com o acionamento de um conjunto de 17 bombas flutuantes


	Vista do coletor de água no sistema de abastecimento de água da Cantareira na represa de Jaguari em Joanópolis
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Vista do coletor de água no sistema de abastecimento de água da Cantareira na represa de Jaguari em Joanópolis (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2014 às 18h02.

São Paulo - O governo do Estado de São Paulo anunciou nesta quinta-feira que a "reserva técnica" de água, também chamada de "volume morto", do Sistema Cantareira poderá ser usada para abastecimento da população até março de 2015, numa ampliação de planos que anteriormente previam que o recurso seria necessário até setembro deste ano.

O volume morto é a água que fica empoçada abaixo do nível de captação das represas. O Sistema Cantareira é o mais importante conjunto de reservatórios que abastece cerca de 9 milhões de habitantes da região metropolitana de São Paulo, além de cidades do interior paulista.

Esse recurso começou a ser oficialmente utilizado nesta quinta-feira, com o acionamento de um conjunto de 17 bombas flutuantes que exigiu investimentos de 80 milhões de reais pela companhia de abastecimento e saneamento estadual, a Sabesp.

Segundo o governo paulista, a utilização do volume morto vai elevar o nível do Cantareira em 18,5 pontos percentuais a partir de sexta-feira.

O sistema está atualmente exibindo 8,2 por cento de armazenamento, mantendo tendência de esgotamento iniciada no começo deste ano. Em janeiro, o nível do sistema estava em 27 por cento.

O uso do volume morto é iniciativa inédita no Estado, afirmou o presidente do Conselho Mundial da Água, engenheiro Benedito Braga, em entrevista à Reuters.

"Nunca chegamos a uma situação de tamanha gravidade, de ter que recorrer a uma água que teoricamente não teria nenhum interesse econômico", afirmou Braga, também professor titular da Escola Politécnica da USP.

"Não há em termos de qualidade de água nenhuma diferença", afirmou Braga.

Em um ano marcado por eleições e realização da Copa do Mundo de futebol no país, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), tem repetidamente descartado decretação de racionamento de água, afirmando que a captação do volume morto do Cantareira será suficiente para abastecer a população até a chegada da estação chuvosa, no fim do ano.

"O volume de água que estará à disposição para abastecimento público é de 182,5 bilhões de litros.

A reserva total é de 400 bilhões de litros. Esse recurso será utilizado para abastecer a população da região metropolitana de São Paulo por período estimado até março de 2015", afirmou o governo do Estado em nota à imprensa.

Segundo a assessoria de imprensa da Sabesp, o volume morto será usado até a volta de um regime normal de chuvas.

O Estado de São Paulo, registrou neste ano as maiores temperaturas dos últimos 70 anos.

No início desta semana, o grupo de usuários de água Consórcio PCJ, que inclui 30 grandes empresas em sua formação, como a cervejaria Ambev, afirmou que, mesmo com o plano do governo estadual para usar o volume morto do Cantareira, não haverá o bastante para os meses de agosto e setembro deste ano.

Rodízio

Segundo Braga, do Conselho Mundial da Água, mantido o atual padrão de consumo da população, o volume de água no Sistema Cantareira será suficiente até a chegada da temporada chuvosa no fim do ano.

Para ele, um racionamento que utilize o recurso de rodízio de abastecimento entre bairros pode comprometer a qualidade da água servida, pois a forte variação de pressão nas tubulações, causada pelo esvaziamento dos dutos, pode permitir contaminações.

"É possível que possa chegar até março de 2015 (a água restante no Cantareira) se a população reduzir o consumo.

A hipótese de outubro é com base no nível de utilização de hoje", disse ele, que recomendou, porém, aceleração urgente de projetos de interligação de outros reservatórios ao Cantareira, como o reservatório do rio Jaguari.

"O plano previa iniciar essa obra em 2009... Se não correr com as obras vamos ter de pensar em reuso de água", afirmou Braga.

Segundo ele, antes de 2014, o período mais seco vivido por São Paulo ocorreu nos anos de 1953 a 1956.

"Este ano as vazões estão 30 por cento mais baixas que as mínimas históricas... A possibildade é que isso seja um ponto fora da curva. Mas temos que observar como vai ser a próxima estação chuvosa."

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