São Paulo e Rio têm protestos contra incêndios na Amazônia
Manifestantes fizeram atos pelo país em defesa das florestas e cobraram medidas de combate às queimadas na região
Beatriz Correia
Publicado em 23 de agosto de 2019 às 21h12.
Última atualização em 23 de agosto de 2019 às 21h21.
Protestos contra o presidente Jair Bolsonaro e contra a destruição da Amazônia por incêndios florestais motivaram a realização de protestos nas duas maiores capitais do país, Rio de Janeiro e São Paulo , na noite desta sexta-feira (23). Organizações não governamentais (ONGs) realizaram atos em várias cidades brasileiras. Segundo o Greenpeace, uma das organizações que organizam os protestos, também estão previstas mobilizações para sábado (24) e domingo (25).
Em São Paulo, centenas de pessoas se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Com gritos de ordem contra Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , eles ocuparam a Avenida no sentido Consolação por volta das 18h30. O grupo foi cercado por policiais militares.
Eles pediram a saída do ministro Salles do cargo, e do próprio presidente. "Fora Salles" e "Bolsonaro sai, a Amazônia fica" são alguns dos coros que dão o tom da manifestação, que reúne desde estudantes secundárias a empresários e representantes de ONGs. O tema ambiental levou o empresário José Corona, de 57 anos, ao seu primeiro protesto contra o governo.
Dono de fazendas, ele se diz revoltado e triste com a condução da política ambiental. "Não se ganha dinheiro com a destruição da floresta. Isso vai mudar a nossa vida no futuro, já está mudando", diz Corona. Ele se diz a favor da proteção à biodiversidade e apoia ONGs que trabalham com o tema. "É possível conjugar a conservação com a agricultura."
Já no Rio, às 18h40, um grupo de manifestantes ocupava cerca de um terço da Cinelândia, no centro, em ato para denunciar a destruição da Amazônia e do meio ambiente brasileiro. Líderes de grupos de defesa do meio ambiente discursam, e entre cada fala os ativistas fazem coros contra o presidente Bolsonaro e o ministro Ricardo Salles. Também foi realizado um minuto de silêncio em protesto contra a política ambiental do governo federal.
Às 18h45 o grupo se organizava para sair da Cinelândia em caminhada rumo à sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gestor do Fundo Amazônia.
"As queimadas sempre existiram, os governos anteriores também falharam na preservação ambiental, mas a atual gestão é especialmente maléfica. Desde janeiro estamos denunciando o desmonte da estrutura de fiscalização e combate a incêndios, o desinteresse do ministro Ricardo Salles por qualquer questão ecológica", afirmou Ricardo Graça Aranha, líder do coletivo Amazônia na Rua, que organiza o ato na Cinelândia.
"(O presidente Jair) Bolsonaro nunca teve nem terá qualquer interesse em preservação ambiental, então qualquer medida que ele anunciar agora será só uma reação momentânea às pressões no Brasil e no exterior. Não acredito em nada do que ele vier a anunciar, porque não é uma filosofia de governo, é uma tentativa de amenizar as pressões", concluiu.
Para o ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que acompanha o ato, Bolsonaro está "acusando o golpe" ao decidir usar cadeia de rádio e TV para falar sobre os incêndios florestais. "Ele nunca teve nenhum interesse pelo tema, sempre criticou a preservação ambiental, e queria extinguir o ministério do Meio Ambiente. Não fez isso, mas colocou lá alguém que pensa como ele", afirmou.
"A questão ambiental é o que está em destaque neste momento e até agora é o tema que mais repercutiu contra Bolsonaro, mas a oposição precisa se manter atenta, fiscalizar e denunciar os eventuais erros em todos os campos governamentais", disse.
Brasília
Na capital federal, o protesto reuniu ativistas, estudantes e ambientalistas. O ato começou em frente ao Ministério do Meio Ambiente, onde houve projeção de frases com pedido de socorro à floresta e imagens de incêndios e queimadas.
Durante a manifestação, a principal via da Esplanada dos Ministérios teve cinco de suas seis faixas bloqueadas. Para diminuir o impacto no trânsito da capital federal, servidores públicos foram dispensados do trabalho por volta das 16h.
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(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)