Endeavor analisou 32 cidades: as 5 primeiras são São Paulo, Florianópolis, Vitória, Recife e Campinas (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2015 às 11h03.
São Paulo - A forte presença de fontes de financiamento ajuda a fazer de São Paulo a melhor cidade do Brasil para empreendedores, segundo índice elaborado pela Endeavor, instituição sem fins lucrativos que fomenta a livre iniciativa de alto impacto econômico em todo o mundo.
Além de concentrar cerca de 60% do capital disponível para o financiamento de negócios em estágio inicial (o chamado venture capital), São Paulo reúne outros fatores que contribuem para a posição de liderança, como a infraestrutura logística privilegiada, pois está próxima do principal porto (Santos) e aeroporto (Guarulhos) do país.
O estudo da Endeavor leva em consideração sete pilares: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora.
Neste ano, a Endeavor analisou a situação de 32 cidades brasileiras. Completam as cinco primeiras posições da lista Florianópolis (que foi a líder da edição 2014), Vitória, Recife e Campinas.
O peso de São Paulo em termos de população e influência econômica ajuda a colocar a cidade no topo da lista, de acordo com a Endeavor. Segundo a ABStartup, associação brasileira que reúne empresas iniciantes, a cidade reúne 1.267 negócios do gênero, ou 31% do total de todo o Brasil.
Segundo o advogado Thomas Pfeferman, especializado no atendimento a startups, dinheiro conta - e muito - quando o assunto é fomentar o empreendedorismo. Especialmente nos estágios iniciais, o acesso ao capital é essencial.
"Mesmo que os projetos nasçam no interior, em incubadoras ou universidades, eles acabam vindo para a capital com o objetivo de ficar mais perto do investidor, que costuma ser sediado aqui", explica Pfeferman.
Diante da alta concentração de empresas na capital paulista, o advogado diz que a cidade começa, aos poucos, a abrigar um ecossistema que reúne boas ideias, empreendedores capazes e fontes de financiamento. Ele cita o projeto Cubo, do Itaú, como um dos símbolos dessa tendência.
O Cubo é um dos espaços de trabalho compartilhado - ou coworking - voltados a startups em São Paulo. Hoje, 42 empresas em fase embrionária atuam no local, que também abriga fundos de venture capital. Antes de alugar um espaço no Cubo, cada empresa passa por um processo seletivo.
"É preciso (que o negócio) tenha uma finalidade comum, que é a troca", diz a superintendente de gestão de TI do Itaú Unibanco e porta-voz do Cubo, Erica Jannini.
O presidente da Endeavor Brasil, Juliano Seabra, afirma que o fato de ter chegado à liderança do ranking não faz de São Paulo uma cidade perfeita para as startups.
"A cidade tem muito mais oportunidades do que qualquer outra capital (do país), mas seus índices educacionais, por exemplo, ainda são muito ruins."
A capital paulista também não está imune a problemas brasileiros, como a burocracia. "A abertura de empresas (na capital paulista) demora 88 dias. Em qualquer cidade americana, a média é de cinco dias."
Força do interior
Neste ano, duas cidades do interior paulista, Campinas e São José dos Campos, tiveram posições de destaque no ranking, superando capitais como Curitiba e Porto Alegre.
Já Joinville (SC), na 9ª posição, ficou à frente do Rio de Janeiro. Segundo o estudo, os três municípios tiveram bons resultados em inovação, graças às suas universidades. Em relação às capitais, ganharam em outros itens medidos pela Endeavor, como custo de operação e qualidade de vida.