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“São Paulo ainda não deu o que tinha que dar”, diz Pawlowski

Urbanista da prefeitura de Nova York deu cinco dicas para a capital paulista lidar com tráfego e urbanização


	Visão aérea do Centro de São Paulo: ainda dá para fazer mudanças significativas na cidade
 (Ana Paula Hirama/ Wikimedia Commons)

Visão aérea do Centro de São Paulo: ainda dá para fazer mudanças significativas na cidade (Ana Paula Hirama/ Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2012 às 08h02.

São Paulo – “Eu vejo muitas semelhanças entre São Paulo e Nova York”. Foi assim que Thaddeus Pawlowski começou sua fala no evento Arq. Futuro, evento que reúne alguns dos principais arquitetos e urbanistas do mundo em São Paulo.

Pawlowski é urbanista do departamento de planejamento de Nova York e visitou São Paulo como parte de um programa de intercâmbio entre os municípios. Para ele, a proposta dos governos tem de ser sempre criar uma “cidade da escolha”, onde os cidadãos possam escolher em qual tipo de habitação querem viver e quais transportes querem pegar.

“E há muitas semelhanças entre São Paulo e Nova York: a energia e o caráter das ruas, elas são duas grandes cidades que atraem algumas das mentes mais brilhantes e ambiciosas do país. E a diversidade”, diz. O urbanista veio para o Brasil com algumas “ideias simples para compartilhar com São Paulo”.

1. Pessoas em primeiro lugar

“Desenho urbano não é uma religião, não é um dogma, mas nós temos um ponto de vista e esse ponto de vista é o do pedestre. Nós olhamos para as coisas primeiramente deste ponto”, diz. Para ele, o que é mais importante de todos os meios de transporte é que eles começam e terminam com alguém andando.

As ruas, então, têm de estar preparadas para o pedestre: “As calçadas têm de ter padrões definidos pela Prefeitura. E calçada não é só a superfície do chão, mas o muro ao lado, as árvores e uma sombra”, afirma.

O segundo meio de transporte mais importante (que vem depois do transporte público na opinião de Pawlowski) é a bicicleta. “Cidades do mundo inteiro estão descobrindo que bicicletas são uma excelente opção”, conta. Em terceiro, o carro que, ele admite, é importante para a economia. “No momento os carros são a prioridade em São Paulo. Dá para entender, mas não pode ser a única prioridade”, defende o urbanista.

2. Respeitar o caráter das vizinhanças

Pawlowski explicou que em Nova York os moradores se identificam muito com sua comunidade, com seu bairro. “Em uma cidade grande como São Paulo não pode ser diferente e todas as obras têm de levar em consideração as características específicas de cada região”, explica.


3. Renascimento do centro

O urbanista também discorreu sobre o centro de São Paulo, por onde ele conta ter passeado pela manhã. Para ele, o centro pode renascer como um distrito de entretenimento.

“A região da Luz realmente pode ser o coração de São Paulo de novo. Precisa de incentivo e desenvolvimento, precisa de mais opções de entretenimento, moradias, hotéis”, defende. Para ele, transformar o centro de São Paulo em uma opção 24h de cultura vai exigir “pessoas com coragem e que pensem a longo prazo, mas pode ser feito”.

4. Integração

“O modernismo brasileiro produziu alguns prédios incríveis, mas não necessariamente boas cidades. É preciso saber integrar diferentes bons projetos”, explica. Para ele, cada projeto individual pode contribuir dentro de seu bairro para criar uma vizinhança melhor.

Projetos como o da Nova Luz têm de se integrar com os moradores e frequentadores da região, com todos aqueles que têm relação com a área e fazer o máximo possível com os recursos existentes.

5. Transparência

Por fim, Pawlowski apontou transparência como uma medida essencial para mudança em São Paulo. “Em todo o processo é importante ser transparente para que a gente possa olhar e ter certeza de que tudo que fazemos faz sentido”, explica.

“Transparência traz participação popular e só assim é possível entender as reais necessidades da cidade. Trazer natureza de volta para São Paulo, por exemplo, não só vai deixar os bairros melhores como vai deixa-los mais ‘andáveis’”, diz. E completa: “Não é o fim da linha para São Paulo, a cidade ainda não deu o que tinha que dar e pode ser melhorada”.

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