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Roubos avançam na Luz, Campos Elísios e Santa Cecília, em SP

O número de roubos nas regiões da Luz, de Campos Elísios e de Santa Cecília, no centro de São Paulo, cresceu 25,4% nos últimos três anos.


	Região no centro de São Paulo: entre 2013 e 2015, as ocorrências por porte de entorpecentes cresceram 272% e de tráfico, 20,5%
 (Fabiano Accosi/Veja)

Região no centro de São Paulo: entre 2013 e 2015, as ocorrências por porte de entorpecentes cresceram 272% e de tráfico, 20,5% (Fabiano Accosi/Veja)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2016 às 07h59.

São Paulo - O número de roubos nas regiões da Luz, de Campos Elísios e de Santa Cecília, onde se concentra a cracolândia, no centro de São Paulo, cresceu 25,4% nos últimos três anos.

Hoje, o Programa De Braços Abertos, proposta de redução de danos criada pela administração municipal, completa dois anos, e a Prefeitura de São Paulo diz que no perímetro do projeto - 14 ruas - registrou o contrário: queda nos índices. Já especialistas também avaliam que houve expansão dos delitos para regiões próximas.

O levantamento foi feito pelo Estado com base nas ocorrências de criminalidade entre os meses de janeiro e novembro nos Distritos Policiais de Bom Retiro (2º DP), Campos Elísios (3º) e Santa Cecília (77º), conforme as estatísticas oficiais da Secretaria da Segurança Pública (SSP). As ocorrências de dezembro ainda não foram divulgadas. Em 2013, o número de roubos era de 4.833 e subiu para 6.065 no ano passado.

Entre 2013 e 2015, as ocorrências por porte de entorpecentes cresceram 272% e de tráfico, 20,5%, considerando os mesmos Dps.

Moradores e comerciantes da região relatam medo e sensação de insegurança. Uma professora aposentada de 60 anos, residente na Alameda Nothmann, disse que já foi assaltada à noite e continua frequente a recusa de taxistas em ir até a rua, por medo de assaltos. Para a comerciante e moradora da Santa Cecília Lúcia Viana, os crimes se intensificaram. "Tem dias que penso em baixar as portas", disse. Um segurança que trabalha perto do fluxo notou que usuários estão mais agressivos. Segundo ele, "voltou a ser comum" o uso de armas de brinquedo e facas na área.

Para o presidente do Conselho de Segurança (Conseg) de Santa Cecília, Fábio Fortes, a presença de policiais militares e guardas-civis não fez os usuários cometerem menos crimes. "Na verdade, essa presença até fez com que os crimes aumentassem, porque expandiram para outras ruas da região." Fortes ressalta ainda que muitas vítimas não registram boletins de ocorrência.

O advogado Cid Vieira, criador e ex-presidente da Comissão de Drogas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), avalia que parte dos crimes é cometida por dependentes em abstinência. "É aquele usuário que, na fissura, vai roubar e matar para comprar pedra. Vai matar por R$ 5. São esses casos em que você precisa ter internação compulsória", diz. Já o promotor de Justiça dos Direitos Humanos e Saúde Pública do Ministério Público Estadual Arthur Pinto Filho destaca que o aumento dos índices de criminalidade pode ter relação com o público flutuante do fluxo.

"Tem 50 pessoas que você sempre vê ali, mas outras ficam 3, 4, 5 dias. O sujeito sai lá de Pirituba (zona oeste) e do interior, fica uns dias na cracolândia, depois volta para a cidade dele ou para a periferia. Isso dificulta muito o trabalho de chegar com todo o aparato de Estado neles e conseguir trazê-los para qualquer tipo de programa."

Na análise de Vieira, por um lado os problemas na cracolândia são causados pela dificuldade do governo do Estado em coibir o tráfico na região e, por outro, ao pagamento semanal de R$ 15 para beneficiários do Programa De Braços Abertos, da Prefeitura. "Se você tem o usuário com um pouquinho de recurso que ganha do trabalho (no programa), o traficante vai lá na cracolândia para oferecer (droga). Vai aumentar a oferta e vai facilitar para o pequeno traficante."

Ação ininterrupta

Em nota, a SSP afirmou que o trabalho de combate ao tráfico é "ininterrupto" na região e as operações da Polícia Militar dobraram no ano passado, na comparação com 2014, passando de 749 para 1.465 ações. "Em 2015, foram realizadas 33 operações na região e desarticuladas três grandes quadrilhas, que resultaram na prisão de 56 adultos e apreensão de dois adolescentes. A polícia recolheu 23 toneladas de maconha e 103 quilos de crack."

Também por nota, a Prefeitura disse que dados do Informativo Criminal (Infocrim), da SSP, apontam que, na comparação entre 2015 e os dois anos anteriores, houve queda de 33% nos furtos a pessoas, de 9% nos furtos de veículos, de 16% nos roubos a pessoas e de 40% nos roubos de veículos nas 14 ruas próximas à área de atuação do Programa De Braços Abertos.

"A circulação no 'fluxo', que já chegou a reunir mais de 1.500 pessoas, hoje é de cerca de 350 pessoas, total que varia dependendo da hora do dia e do dia da semana, entre outros fatores", informou.

A administração municipal destacou ainda que o objetivo do Programa De Braços Abertos é "dar dignidade social aos participantes" e "cerca de 70% a 80% dos beneficiários relatam a diminuição no consumo da droga".

Na mesma área do Programa De Braços Abertos atua o projeto estadual Recomeço, que chega a três anos no dia 21 e segue a proposta de internações para desintoxicação dos dependentes. Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde não quis se manifestar sobre criminalidade e optou por destacar questões de atendimento social.

"Um prédio na Rua Helvétia com Dino Bueno vem sendo transformado gradativamente em um serviço integrado de atendimento aos usuários. Desde janeiro de 2013, o governo mantém um Plantão Judiciário e uma Unidade Social de Acolhimento (na região). Até o momento, houve 24.163 acolhimentos e 11.819 encaminhamentos de pacientes para internação, dos quais 10.194 (86,2%) ocorreram de forma voluntária, isto é, com o consentimento do dependente". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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