Rodrigo Maia dá pacote social a grupo de Tabata Amaral
Após articular a aprovação da reforma da Previdência, Maia montou grupos de trabalho na Câmara para discutir uma agenda voltada ao social
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de outubro de 2019 às 12h22.
Escalado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um grupo coordenado pela deputada Tabata Amaral (PDT-SP) apresentou a líderes da Casa, na terça-feira, 29, uma série de propostas de combate à pobreza, com ações em setores como educação, trabalho, geração de renda e saneamento básico.
A iniciativa é uma tentativa de Maia para buscar protagonismo na agenda social no momento em que o governo de Jair Bolsonaro se prepara para enviar ao Congresso medidas amargas, com os pacotes fiscal e administrativo, levando adiante o seu plano de ajuste e reforma do Estado.
Sem detalhar a origem dos recursos, as propostas estão divididas em cinco eixos - distribuição de renda, incorporação de beneficiários de programas sociais no mercado de trabalho, incentivo à formalização de empregos, expansão do atendimento de saneamento básico e melhora da gestão de políticas públicas.
Os projetos de lei ainda não foram apresentados.
"O Executivo mal consegue tocar a agenda econômica, mas não tem absolutamente nada quando a gente fala de agenda social", disse Tabata. Questionada se negociará com o governo apoio a essa pauta social, a deputada afirmou que esse papel caberá ao presidente da Câmara.
Além de Tabata, participaram do grupo de trabalho o deputado Felipe Rigoni (PSB-ES) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Uma das principais medidas do pacote é incluir na Constituição o programa Bolsa Família, como já ocorre hoje com o salário mínimo.
Outros ajustes propostos são a atualização do cálculo da linha de extrema pobreza, o aumento nos valores dos benefícios e a proibição de contingenciamento dos investimentos do programa. As mudanças no Bolsa Família teriam impacto de R$ 9,10 bilhões ao ano.
Após articular a aprovação da reforma da Previdência, Maia montou grupos de trabalho na Câmara para discutir uma agenda voltada ao social e procura fazer um contraponto ao presidente Bolsonaro.
"Eu acho que o nosso tempo está correndo. Temos aí uma desigualdade que aumentou, a pobreza que aumentou e estamos vendo crises pela América do Sul", disse Maia. "O Brasil, que é um País mais pacífico que outros, tem a oportunidade de reconstruir a sua base na relação da política com a sociedade em outro patamar."
O grupo coordenado por Tabata propõe, ainda, alterações no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), como vincular sua remuneração a uma taxa de mercado, além de complementação do governo para trabalhadores que ganham até 1,5 do salário mínimo - neste caso, não há previsão de impacto no Orçamento.
Em relação à inclusão no mercado de trabalho, o plano prevê medidas para combater a evasão no ensino médio e facilitar o acesso de jovens de baixa renda ao crédito educativo. Há também propostas no sentido de promover a integração do novo ensino médio, com a Lei do Jovem Aprendiz.
A deputada não estima um prazo para a aprovação das propostas. Na sua avaliação, há disposição do Congresso para assumir uma agenda social, que representa uma pauta positiva. Para acelerar a tramitação, a ideia é formar uma comissão especial para cada um dos cinco pilares do plano.
"O presidente Rodrigo Maia já começou a conversar com lideranças para ver de onde virá o dinheiro, de forma também a conciliar com a PEC do deputado Pedro Paulo (da regra de ouro)", disse.
Tabata afirmou que ainda pretende conversar com o relator do marco do saneamento básico, deputado Geninho Zuliani (DEM-SP), para incluir algumas de suas propostas no projeto que já está em discussão em comissão da Câmara.
Em julho, Maia defendeu a necessidade de o País aprovar medidas que evitem o que chamou de "colapso social" e anunciou a criação do grupo de trabalho para discutir propostas nas áreas de educação, emprego, renda, saúde e parcerias público-privadas.
Tabata afirmou, porém, que o plano começou a ser articulado três meses antes, em abril. Naquela época, a deputada protagonizou um embate com o então ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez, na Comissão de Educação da Câmara, a quem acusou de não ter apresentado projetos para a área.