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Risco de acidente fatal: quase 2 milhões de carros circulam no Brasil com airbags defeituosos

Montadoras fazem alertas desde 2011 para recall de airbags com falhas, mas milhões de motoristas ainda não atenderam aos chamados, expondo-se a riscos graves

Airbags da Takata com defeito já causaram acidentes fatais no Brasil; recall é gratuito e evita riscos para motoristas e passageiros. (Toru Hanai/Reuters)

Airbags da Takata com defeito já causaram acidentes fatais no Brasil; recall é gratuito e evita riscos para motoristas e passageiros. (Toru Hanai/Reuters)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 7 de novembro de 2024 às 13h29.

Quase dois milhões de veículos continuam circulando com defeitos graves nos airbags no Brasil, expondo motoristas e passageiros a riscos significativos de acidentes fatais. Desde 2011, as montadoras emitiram aproximadamente 17 milhões de convocações para recalls, a fim de reparar ou substituir peças com defeito de fabricação. Contudo, mais de 3,7 milhões de proprietários ainda não atenderam a essas solicitações, segundo dados recentes, deixando seus veículos em situação de risco potencial.

De acordo com reportagem do Bom Dia, Brasil, da TV Globo, os dispositivos defeituosos são airbags fabricados pela empresa japonesa Takata, que foram instalados em veículos de 17 diferentes montadoras entre os anos de 2001 e 2018. A falha nos airbags faz com que eles, ao serem acionados, possam explodir e projetar fragmentos de metal em alta velocidade para dentro do veículo. Esses fragmentos representam um risco letal, como foi evidenciado em incidentes recentes no país.

Um dos casos mais trágicos envolvendo esses airbags defeituosos ocorreu em Brasília no início de outubro. A assistente social Marcela Gonçalves Feitosa de Melo faleceu após uma colisão leve que fez com que o airbag do seu carro fosse acionado. Durante o impacto, um fragmento de aproximadamente dois centímetros do dispositivo se desprendeu e atingiu o pescoço dela, provocando uma hemorragia fatal. Essa confirmação foi dada pela polícia civil, que investiga o caso e destacou o perigo representado por esses airbags.

Casos de fatalidade acendem alerta para motoristas

Além da morte de Marcela, outros incidentes fatais ocorreram nos últimos meses em diferentes estados do país. Em abril, dois motoristas também perderam a vida devido a falhas nos airbags da Takata. Um dos casos foi registrado em Vila Velha, no Espírito Santo, e o outro em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Esses acidentes reforçam a urgência para que os proprietários de veículos afetados compareçam aos recalls e façam os reparos gratuitos oferecidos pelas montadoras.

Em termos de segurança, esses acidentes evidenciam a importância de o motorista estar atento às convocações de recall. Muitas vezes, os proprietários acabam ignorando os chamados por falta de tempo, desconhecimento ou até mesmo por acreditar que a situação não representa um risco imediato. No entanto, a especialista em trânsito Michele Andrade alerta que os recalls são medidas preventivas obrigatórias e não devem ser negligenciados. Segundo ela, o não atendimento a esses chamados compromete a segurança do condutor e de outros ocupantes do veículo, além de representar uma infração às leis de trânsito.

Recall obrigatório: infrações e penalidades

Para facilitar a adesão dos proprietários de veículos afetados, as informações sobre recalls estão disponíveis em plataformas acessíveis. O aviso de recall, por exemplo, pode ser encontrado em destaque no aplicativo da CNH Digital, onde o motorista consegue consultar diretamente se seu veículo está envolvido. Também é possível verificar a situação no site do Senatran, bastando inserir o número do chassi ou da placa do carro. O serviço é gratuito, e o reparo também é realizado sem custo nas concessionárias autorizadas.

Michele Andrade ressalta que ignorar um recall pode deixar o motorista em situação irregular. "Caso o veículo seja parado em uma fiscalização e o recall não tenha sido realizado, o condutor poderá ser multado e, em alguns casos, o veículo pode ser apreendido," ela explica. Isso acontece porque a não adesão ao recall é considerada uma infração gravíssima, o que implica em multa, pontos na carteira de habilitação e até outras sanções, dependendo do caso.

Além do risco de penalidades legais, não atender ao recall significa colocar a vida do motorista, dos passageiros e de outras pessoas nas vias em risco, uma vez que a falha dos airbags pode se manifestar em situações cotidianas. Esses incidentes não afetam apenas aqueles que estão dentro do veículo, mas representam um perigo real para todos ao redor.

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