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Rio paga dívida com empresas que limpam Baía de Guanabara

Serviço tem o objetivo de impedir o acúmulo de lixo flutuante e está em evidência devido à proximidade das competições de vela dos Jogos Olímpicos

Baía de Guanabara: serviço tem o objetivo de impedir o acúmulo de lixo flutuante e está em evidência devido à proximidade das competições de vela dos Jogos Olímpicos (Ricardo Moraes / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2016 às 07h14.

O secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro , André Corrêa, informou na manhã de hoje (22) que foi quitado o pagamento com as empresas que operam os ecobarcos e ecobarreiras na Baía de Guanabara.

O serviço tem o objetivo de impedir o acúmulo de lixo flutuante e está em evidência devido à proximidade das competições de vela dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos , que serão disputadas na baía.

As empresas Ecoboat e ProOceano, responsáveis pela operação e monitoramento dos ecobarcos, confirmaram a informação.

Os pagamentos foram recebidos na última quinta-feira (16), um dia antes de o estado decretar situação de calamidade pública por causa da crise financeira. Antes disso, o atraso dos repasses chegou a cinco meses.

A secretaria prevê que a instalação das ecobarreiras na Baía de Guanabara deve ser concluída em 15 de julho, menos de um mês antes do início da competição olímpica de vela, marcada para 8 de agosto.

A previsão foi confirmada pelo secretário hoje, ao participar da 1ª Oficina para Conservação da Flora Ameaçada de Extinção do Estado do Rio de Janeiro, na Escola Nacional de Botânica Tropical.

Foram planejadas 17 ecobarreiras nas saídas de rios e canais para a baía, com o objetivo de minimizar a chegada de lixo flutuante ao mar, uma medida considerada paliativa por ambientalistas para o problema de gestão de resíduos dos municípios do entorno da baía.

Atualmente, há 11 ecobarreiras em funcionamento e, até o fim de julho, o número deve aumentar para 15.

"O desafio, não só para a Olimpíada, é ter um sistema de gestão do lixo flutuante que chega à baía. O lixo flutuante chega à baía há 50 anos, há 100 anos", disse o secretário André Corrêa.

Poluição

A poluição da Baía de Guanabara foi um dos temas que mais gerou questionamentos ao governo na organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, devido ao contato dos atletas da vela com a água e à possibilidade do lixo flutuante prejudicar os barcos.

Além disso, o saneamento da região era um dos principais legados prometidos para os Jogos. Inicialmente, houve o comprometimento de que 80% do esgoto que chega à baía seriam tratados até os Jogos, mas o percentual atingido até hoje é de 51%, segundo a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Em 2007, apenas 11% do esgoto que desaguava na baía tinham tratamento.

André Corrêa afirmou que as ecobarreiras já instaladas têm impedido que 280 toneladas de lixo cheguem à baía mensalmente. Com o trabalho de coleta dos ecobarcos, mais de 40 toneladas são retiradas todo mês.

O secretário pediu conscientização da população em relação à destinação dos resíduos. "Quando a gente joga um lixo no chão e vem uma chuva, isso é lavado e para na Baía de Guanabara ou nas praias".

O ambientalista Sérgio Ricardo afirma que, apesar das ações, entre 90 e 100 toneladas de lixo chegam à baía todos os dias. Ele analisa que o problema do lixo flutuante na baía é antigo e já teve tentativas frustradas de solução como a construção de usinas de reciclagem em municípios da região metropolitana na década de 90.

"Tivemos um programa de despoluição da Baía de Guanabara que é um exemplo de fracasso. Isso também se deve à má gestão do lixo urbano. O programa previa a construção de usinas de reciclagem de lixo em vários municípios, mas nenhuma dessas usinas existe hoje. A do Morro do Céu, em Niterói, foi enterrada na montanha de lixo".

O especialista defende que o problema precisa ser enfrentado sem medidas paliativas, com a estruturação do manejo dos resíduos sólidos nos arredores da Baía de Guanabara, uma região que tem mais de 10 milhões de habitantes.

"Se tentarmos enfrentar pensando apenas no período da Olimpíada, vamos reproduzir os equívocos que têm sido a política pública. Esse problema não surgiu agora, nem vai se resolver agora".

A Secretaria Estadual do Ambiente afirma, por meio de nota, que está elaborando um modelo de governança que reúne diversos atores dos arredores da baía.

"Dessa forma, evitaremos que os erros do passado não se repitam e a baía não fique mais à mercê da gestão de um período de governo", diz o texto que informa estudos que estão sendo realizados em parceria com academia e obras de saneamento que estão em curso.

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O serviço tem o objetivo de impedir o acúmulo de lixo flutuante e está em evidência devido à proximidade das competições de vela dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos , que serão disputadas na baía.

As empresas Ecoboat e ProOceano, responsáveis pela operação e monitoramento dos ecobarcos, confirmaram a informação.

Os pagamentos foram recebidos na última quinta-feira (16), um dia antes de o estado decretar situação de calamidade pública por causa da crise financeira. Antes disso, o atraso dos repasses chegou a cinco meses.

A secretaria prevê que a instalação das ecobarreiras na Baía de Guanabara deve ser concluída em 15 de julho, menos de um mês antes do início da competição olímpica de vela, marcada para 8 de agosto.

A previsão foi confirmada pelo secretário hoje, ao participar da 1ª Oficina para Conservação da Flora Ameaçada de Extinção do Estado do Rio de Janeiro, na Escola Nacional de Botânica Tropical.

Foram planejadas 17 ecobarreiras nas saídas de rios e canais para a baía, com o objetivo de minimizar a chegada de lixo flutuante ao mar, uma medida considerada paliativa por ambientalistas para o problema de gestão de resíduos dos municípios do entorno da baía.

Atualmente, há 11 ecobarreiras em funcionamento e, até o fim de julho, o número deve aumentar para 15.

"O desafio, não só para a Olimpíada, é ter um sistema de gestão do lixo flutuante que chega à baía. O lixo flutuante chega à baía há 50 anos, há 100 anos", disse o secretário André Corrêa.

Poluição

A poluição da Baía de Guanabara foi um dos temas que mais gerou questionamentos ao governo na organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, devido ao contato dos atletas da vela com a água e à possibilidade do lixo flutuante prejudicar os barcos.

Além disso, o saneamento da região era um dos principais legados prometidos para os Jogos. Inicialmente, houve o comprometimento de que 80% do esgoto que chega à baía seriam tratados até os Jogos, mas o percentual atingido até hoje é de 51%, segundo a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Em 2007, apenas 11% do esgoto que desaguava na baía tinham tratamento.

André Corrêa afirmou que as ecobarreiras já instaladas têm impedido que 280 toneladas de lixo cheguem à baía mensalmente. Com o trabalho de coleta dos ecobarcos, mais de 40 toneladas são retiradas todo mês.

O secretário pediu conscientização da população em relação à destinação dos resíduos. "Quando a gente joga um lixo no chão e vem uma chuva, isso é lavado e para na Baía de Guanabara ou nas praias".

O ambientalista Sérgio Ricardo afirma que, apesar das ações, entre 90 e 100 toneladas de lixo chegam à baía todos os dias. Ele analisa que o problema do lixo flutuante na baía é antigo e já teve tentativas frustradas de solução como a construção de usinas de reciclagem em municípios da região metropolitana na década de 90.

"Tivemos um programa de despoluição da Baía de Guanabara que é um exemplo de fracasso. Isso também se deve à má gestão do lixo urbano. O programa previa a construção de usinas de reciclagem de lixo em vários municípios, mas nenhuma dessas usinas existe hoje. A do Morro do Céu, em Niterói, foi enterrada na montanha de lixo".

O especialista defende que o problema precisa ser enfrentado sem medidas paliativas, com a estruturação do manejo dos resíduos sólidos nos arredores da Baía de Guanabara, uma região que tem mais de 10 milhões de habitantes.

"Se tentarmos enfrentar pensando apenas no período da Olimpíada, vamos reproduzir os equívocos que têm sido a política pública. Esse problema não surgiu agora, nem vai se resolver agora".

A Secretaria Estadual do Ambiente afirma, por meio de nota, que está elaborando um modelo de governança que reúne diversos atores dos arredores da baía.

"Dessa forma, evitaremos que os erros do passado não se repitam e a baía não fique mais à mercê da gestão de um período de governo", diz o texto que informa estudos que estão sendo realizados em parceria com academia e obras de saneamento que estão em curso.

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