Rio: estado quer usar o dinheiro para pagar aposentadorias de servidores que estão atrasadas (microgen/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de março de 2017 às 10h40.
Rio - O Estado do Rio de Janeiro deve receber os cerca de R$ 270 milhões já recuperados pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) em cerimônia de repatriação dos valores marcada para o dia 21, com a participação de autoridades como o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e procuradores que atuam no caso, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
O governo fluminense decidiu pleitear o montante e formalizou o pedido de resgate.
No mês passado, o Broadcast informou que procuradores da força-tarefa avaliavam que os recursos resgatados em acordos de delação poderiam já ser revertidos para o Rio e a União após uma aprovação na Justiça, mas o governo fluminense não se movimentava para isso.
A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) argumentou à época que ainda não havia elementos formais para a existência de valores judicialmente reconhecidos como devidos à Administração Direta ou Indireta.
Mas houve um recuo diante da frágil situação das finanças. Procurada novamente, a PGE já não quis se pronunciar sobre o assunto.
O Broadcast apurou que a possibilidade existe porque esses são os órgãos que foram prejudicados pelo esquema liderado pelo ex-governador, hoje preso em Bangu 8, e o dinheiro em questão veio de acordos de delação, uma espécie de confissão.
A favor do governo fluminense pesa ainda a situação de calamidade de suas finanças, com atrasos frequentes no pagamento dos servidores ativos e aposentados.
A intenção do Rio é receber primeiramente sua parte, com objetivo de pagar principalmente os aposentados. Já a União seria ressarcida posteriormente, quando mais recursos forem recuperados, disse uma fonte.
A cerimônia de oficialização da entrega do dinheiro deve ocorrer na sede do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), no centro do Rio, durante o período da tarde.
Será um dos últimos atos do atual presidente do tribunal, o desembargador federal Poul Erik Dyrlund. Em abril, ele será substituído por André Fontes.
Há dúvidas, no entanto, sobre a participação do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), aliado político de Cabral.
O dinheiro foi recuperado do esquema de pagamento de propina recolhida em obras públicas como a construção do Arco Metropolitano, o PAC das Favelas e a reforma do Maracanã, feitas com recursos federal e estadual. Na época, Pezão era vice e secretário de Obras.
Os valores já disponíveis foram devolvidos pelos irmãos Marcelo e Renato Chebar. Os dois eram operadores de Cabral que fecharam acordos de delação com o Ministério Público Federal (MPF) no Rio. O valor está em uma conta judicial, vinculada ao processo, na Caixa.
No dia 16 do mês passado, havia R$ 265,22 milhões na conta, mas o valor subiu, uma vez que há correção monetária, assim como podem ter chegado mais recursos que estavam em trâmite de repatriação.
Em 28 de janeiro, por exemplo, foram pagos rendimentos de R$ 40.205,21 - os depósitos começaram em dezembro.
Em 2015, a Petrobrás também organizou uma solenidade com a entrega simbólica de R$ 157 milhões, referentes a valores repatriados pelo MPF na Lava Jato.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.