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Réus ficam em silêncio no 5º dia de júri do Carandiru

Os policiais militares interrogados preferiram se manter calados e não responder a nenhuma pergunta


	Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde 26 policiais militares serão julgados pelo caso que ficou conhecido há mais de 20 anos como o Massacre do Carandiru
 (Marcelo Camargo/ABr)

Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde 26 policiais militares serão julgados pelo caso que ficou conhecido há mais de 20 anos como o Massacre do Carandiru (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2013 às 14h52.

São Paulo - O quinto dia de julgamento do massacre do Carandiru começou com o interrogatório dos réus às 11h57 desta sexta-feira, 19, no Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Os policiais militares interrogados preferiram se manter calados e não responder a nenhuma pergunta.

Diferentemente do anunciado anteriormente, os 24 réus presentes estão sendo interrogados - no total, 26 PMs são acusados, mas dois não puderam comparecer por problemas de saúde.

Todos disseram que, por orientação da advogada de defesa, Ieda Ribeiro de Souza, ficariam calados para "não cansar os jurados". Eles também alegaram inocência.

Os promotores Fernando Pereira da Silva e Marcio Friggi insistiram com questionamentos, ao que os réus respondiam: "Me reservo ao direito de permanecer calado". Friggi chegou a suplicar a um dos réus: "Pelo amor de Deus, o senhor poderia nos contar o que aconteceu?". A advogada de defesa solicitou que Friggi não usasse a "emoção" durante os questionamentos.

Os jurados também fizeram perguntas, que ficaram sem resposta. O silêncio foi mantido pelos primeiros 20 réus.

Depoimento

Ronaldo Ribeiro dos Santos, capitão da 2ª companhia da Rota à época do massacre do Carandiru, foi o primeiro réu a responder às perguntas do juiz José Augusto Marzagão. "Recebi a informação que a situação era insustentável", disse.


Segundo Santos, o coronel Ubiratan Guimarães deu ordem para ocupar o segundo pavimento do Pavilhão 9 da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992. O coronel teria dito que os policiais deveriam "reagir no mesmo nível" que os presos. Ao ingressar no edifício, Santos portava um revólver e uma metralhadora, mas afirmou não ter usado a metralhadora.

Os que vieram em direção à tropa foram alvejados, confirmou o capitão. Ele disse ter visto clarões, mas não pôde afirmar se os presos portavam armas de fogo.

"Eu gritava: volta para a cela! Alguns (detentos) obedeceram e outros se voltaram contra nós." Santos afirmou ter atirado três vezes, sem saber se atingiu alguém. "Eu atirei em razão dos estampidos que vinham em nossa direção". Santos estava acompanhado do soldado Osvaldo Papa e do cabo Paulo Estevão de Melo, os quais faziam a sua segurança.

Os policiais encontraram armas com os presos, de acordo com Santos. "Quando estava retornando para a entrada da gaiola, o tenente Dornelas (Aércio Dornelas Santos) me apresentou três armas." Antes de os presos serem levados ao pátio, o capitão e sua tropa saíram da penitenciária. "Nossa tropa é de embate. Acabou o embate, a gente se retira."

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