Renda, crédito, câmbio e crise explicam 'férias na Disney'
Números do Banco Central divulgados nesta terça-feira (21) mostram gastos dos turistas brasileiros no exterior de quase US$ 10 bilhões em 2010
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2010 às 13h37.
São Paulo - Os brasileiros estão torrando "rios de dinheiro" em viagens ao exterior. No acumulado do ano, já são quase US$ 10 bilhões, segundo o Banco Central. Há vários aspectos da economia brasileira e mundial que explicam esse fenômeno.
O primeiro deles, e talvez o mais óbvio, é o crescimento da renda dos trabalhadores. Com mais dinheiro no bolso, é possível planejar a viagem dos sonhos sem comprometer o orçamento doméstico. Se é verdade que brasileiros da classe C e D estão voando pelo primeira vez para destinos nacionais, também é fato que o crescimento econômico está possibilitando a realização da primeira viagem internacional de muitas famílias da classe média. É o sonho da Disney ou das compras em Nova York tornando-se realidade para milhares de pessoas.
Porém, por mais que a renda esteja crescendo, muitas viagens não seriam viáveis sem um parcelamento longo e com juros baixos. A expansão do crédito é, sem dúvida nenhuma, a mola propulsora para o lazer no exterior.
O terceiro ponto fundamental é o câmbio valorizado. Quem viajou para o exterior em 2002 sabe o quanto dói uma fatura de cartão de crédito com dólar cotado a quatro reais. Da mesma forma, quem aproveitou o início do Plano Real, quando a moeda brasileira chegou valer mais do que a "verdinha" americana, sabe que um câmbio favorável facilita o pagamento da fatura. Atualmente, o dólar na casa de R$ 1,70 deixa atraente alguns destinos internacionais e faz com que muitos brasileiros troquem o Nordeste pelo mundo.
E por fim, vale aqui destacar também que a crise internacional acabou ajudando os brasileiros a ir ao exterior. Com os países desenvolvidos enfraquecidos (muitos deles são locais turísticos badalados), o turismo acabou transformando-se numa importantíssima fonte de receita. Hotéis e companhias aéreas (a diminuição no preço do querosene aliviou os custos das empresas) reduziram os preços para atrair clientes, tornando os pacotes mais baratos. Isso, mais câmbio, renda e crédito... embarque imediato no portão oito.
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