Rodrigo Janot e Raquel Dodge: embora o PSB tenha saído da base aliada, Rocha tem adotado posições favoráveis ao governo (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de junho de 2017 às 13h51.
Última atualização em 29 de junho de 2017 às 13h52.
Brasília - Relator da indicação da subprocuradora Raquel Dodge para chefiar a Procuradoria-geral da República (PGR), o senador Roberto Rocha (PSB-MA) não poupou elogios, nesta quinta-feira, 29, à escolha feita pelo presidente Michel Temer. Segundo ele, "a princípio não há motivo para ser contra a indicação".
"Eu acho que é uma pessoa idônea, com 30 anos de MP, professora da UnB e de Harvard. Um currículo impecável. De modo que tanto ela quanto os outros dois estariam honrando o Ministério Público. Foi uma grande escolha e vamos testemunhar isso na sabatina", afirmou o senador.
Embora o PSB tenha saído da base aliada, Rocha tem adotado posições favoráveis ao governo, como na votação da reforma trabalhista.
Ao indicar Raquel para substituir Rodrigo Janot no cargo, Temer rompeu uma tradição de escolher sempre o mais votado na lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Em guerra com o atual PGR, o presidente optou pela segunda colocada, em vez do mais votado, o subprocurador Nicolao Dino, aliado de Janot.
Para Rocha, porém, isso não deve dificultar a aprovação dela no Senado. "Não haverá dificuldade (para a aprovação). Eu acho que o próprio Nicolau Dino, conhecendo a regra do jogo, não achou nada de estranho nisso. O irmão dele, Flávio Dino, no Maranhão, onde governa, não escolheu o primeiro da lista. De modo que essa é uma prática do chefe do Executivo. Ele tem essa prerrogativa."
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), também elogiou a escolha, que teve o apoio de senadores do PMDB. Ele nega, porém, que a subprocuradora tenha sido "apadrinhada" pelo partido.
"O PMDB e nenhum partido apadrinha a nomeação do procurador-geral da República. Eu trabalhei pela aprovação e pela recondução do doutor Rodrigo Janot e nem por isso o PMDB apoiou a indicação. Senadores sabatinam e votam aqui de acordo com suas consciências", disse.
Questionado se haverá constrangimento à participação de senadores investigados na sabatina da futura procuradora-geral da República, Jucá negou. "Não vejo nenhum empecilho regimental para investigados participarem da sabatina. Não cabe a mim criar óbice. Caberá a cada um deles avaliar."
A previsão de Rocha é que seu relatório seja lido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) já na semana que vem e a indicação seja votada no plenário do Senado antes do recesso parlamentar, que começa no dia 17 de julho. Antes, a indicação precisa ser lida no Senado, o que ainda não aconteceu.