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Regularização coincidiu com Lava Jato, diz defesa de Santana

Santana trabalhou nas campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014


	João Santana: Santana trabalhou nas campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014
 (REUTERS/Rodrigo Paiva)

João Santana: Santana trabalhou nas campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014 (REUTERS/Rodrigo Paiva)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 14h47.

São Paulo - A defesa do marqueteiro João Santana afirmou nesta sexta-feira, 26, ser uma coincidência o fato de ele e a mulher, Monica Moura, terem procurado regularizar a situação tributária de suas empresas no mesmo período em que se iniciou a investigação da operação Lava Jato.

"Coincidiram as coisas. No decorrer do trabalho (de regularização das empresas do casal), iniciou-se a Lava Jato, mas não tem nenhuma relação dessas retificações (de imposto de renda) com a operação Lava Jato", afirmou o advogado tributarista Igor Nascimento.

Santana trabalhou nas campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014.

A empresa da qual Nascimento é sócio-diretor, Souza Schneider, foi contratada para regularizar a situação contábil das empresas do casal no fim de 2014 - a primeira fase ostensiva da Lava Jato foi deflagrada em março de 2014.

Segundo o advogado, a contabilidade feita pelos dois até então era "familiar", "rudimentar".

Segundo Nascimento e seu sócio na firma tributarista, Vitor Martins Flores, o relatório da Receita Federal que ajudou a embasar a 23ª fase da Lava Jato, a Acarajé, que determinou a prisão de Santana e de Monica, é um relatório feito com base em dados de sistema e não é "conclusivo".

"A Pólis nem recebeu qualquer autuação da Receita. Infelizmente, procuradores da Lava Jato divulgaram isso (informações do relatório) como verdade absoluta", afirmou Nascimento.

O advogado diz que o relatório da Receita tem equívocos e que a "quase totalidade de indício das supostas irregularidades apresentadas possui justificativa documental de que não são irregularidades".

Nascimento argumenta, por exemplo, que empresas do casal no exterior não foram declaradas propriamente à Receita mas que o Banco Central tinha conhecimento das companhias pelas Declarações de Capitais Brasileiros no Exterior (DCBE's).

Uma irregularidade que a defesa de Santana admite refere-se à compra de um apartamento em São Paulo.

O imóvel teria sido comprado por R$ 3 milhões mais US$ 1 milhão - esse valor em dólar não declarado.

"A única irregularidade que de fato existiu foi a compra do imóvel, que eles já confessaram e que está em processo de regularização. Os impostos serão pagos", declarou o advogado.

A defesa não soube explicar, contudo, por que o casal não colocou a Shellbill Finance SA, na Suíça, no processo de regularização de uma holding.

O processo de colocar todas as empresas embaixo de uma holding foi iniciado na contratação do escritório Souza Schneider, no fim de 2014, mas só agora o casal informou sobre a Shellbill.

Segundo os advogados, a demora pode ter decorrido de os dois terem uma visão distinta sobre a Shellbill.

"Na visão deles era uma poupança no exterior. Eles já pediram às autoridades na Suíça para abrir as informações de faturamentos que, repito, decorrem das atividades de trabalho deles."

A Lava Jato suspeita que a Shellbill era a offshore pela qual o casal recebia recursos oriundos de caixa dois de empreiteiras envolvidas em esquema de corrupção na Petrobras.

*Matéria atualizada às 14h45 para corrigir informação anteriormente enviada pela Estadão Conteúdo. Em vez de "venda de um apartamento", no quinto parágrafo, o correto é "compra de um apartamento".

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