Recuo de Marçal, alta de Nunes e estabilidade de Boulos: o que dizem as pesquisas em SP
Datafolha mostrou o atual prefeito em primeiro, empatado tecnicamente com o adversário do PSOL. Candidato do PRTB aparece mais distante
Publicado em 13 de setembro de 2024 às 09h54.
Última atualização em 13 de setembro de 2024 às 11h26.
As pesquisas do Datafolha e do Futura Inteligência divulgadas nesta semana sugerem um recuo das intenções de voto no influenciador Pablo Marçal (PRTB), que já vinha desacelerando, enquanto apontam uma recuperação do prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), e estabilidade no percentual dos eleitores do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). É o que constata a Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa Ideia, no programa Eleições 2024 da EXAME.
De acordo com a especialista, o novo levantamento do Datafolha desta quinta, 12, ao apontar Nunes com 27% das intenções de voto para prefeitura de São Paulo, contra 25% de Boulos e 19% de Marçal, confirmou um cenário que já estava despontando há uma semana.
Na pesquisa Futura, também divulgada nesta quinta, o atual prefeito marcou 26,4% das intenções de voto, seguido pelo ex-coach com 22,8% e o deputado federal com 22%. O resultado indicou que Nunes oscilou positivamente 3 pontos percentuais, dentro da margem de erro, mas assumindo numericamente o primeiro lugar. Marçal, que na semana passada aparecia em primeiro com 26,2%, perdeu 3,4 pontos percentuais, enquanto Boulos oscilou positivamente dois pontos percentuais.
"Não teve uma reviravolta. Li alguns analistas falando em reviravolta, mas o que teve foi um uma evolução das pesquisas da semana anterior para essa. O segundo fator é que estamos vendo a campanha eleitoral fazendo efeito", diz Schulman. A presidente do instituto Ideia faz referência principalmente aohorário eleitoralgratuito na TV e no rádio, que completou 12 dias no ar nesta quinta, e que começa a provoca efeito no eleitorado a partir da segunda semana.
A despeito da máxima de que a propaganda nesses meios de comunicação era um item ultrapassado, a especialista atribui parte da recuperação do emedebista ao seu tempo na televisão, o maior com 6 minutos e 30 segundos e 1.913 inserções.
"Nunes está tendo um vantagem nisso. E o Pablo Marçal, que não tem nenhum tempo de televisão, está sentindo, mas não é só por isso", afirma.
Trajetória dos candidatos em SP
Até a véspera do horário eleitoral, Nunes vinha se descolando do primeiro pelotão, apesar de estar em empate técnico, com 19% das intenções de voto ante 23% de Boulos e 21% de Marçal, no Datafolha, ou com 26,4% ante 22,8% e 22% dos adversários do PRTB e PSOL, respectivamente, segundo a Futura.
Na primeira semana, já após a propaganda, ele oscilou positivamente na pesquisa Datafolha para 22%, equilibrado com os percentuais dos adversários, com 23% do psolista e 21% do ex-coach, para registrar agora um crescimento de cinco pontos percentuais, enquanto Boulos teve alta de dois pontos percentuais, dentro da margem de erro, e Marçal, uma oscilação negativa de três pontos.
O candidato do PRTB, por outro lado, viu crescer sua rejeição, tornando-se ainda ocandidato mais rejeitado entre os eleitores de São Paulo, segundo o Datafolha.
Ao todo, 44% dos entrevistados responderam quenão votariam no influenciador. No último levantamento, Marçal acumulava rejeição de 38%. Um aumento de seis pontos percentuais. O índice também cresceu na pesquisa da Futura Inteligência, que mostrou t ambém um aumento no total dos que afirmam que não votam no ex-coach. Eram 30,9%, subiu para 33,7% há uma semana e agora é de 36,8%.
"O Marçal não era conhecido, ele entrou como uma coisa nova, ninguém desgostava porque não sabiam quem ele era. E ele é esse tipo de candidato muito polêmico, ou ame ou odeie, então eu atribuo muito a isso a rejeição. E com relação ao gênero, o que mais chama atenção para o Marçal é essa incapacidade dele de subir e que o voto dele é um voto masculino. Para subir ele precisa ampliar, mas ele não tem mostrado essa disposição, inclusive criando polêmica entre os prováveis eleitores que votaram em [Jair] Bolsonaro na cidade de São Paulo", avalia Schulman sobre a atuação do ex-coach na manifestação convocado pelo ex-presidente no 7 de setembro, que desagradou o próprio Bolsonaro e seus aliados.
"Bolsonaro não entrou na campanha de Nunes, mas deixou claro que na do Marçal não vai embarcar. Isso também cria uma dicotomia para o eleitor do Bolsonaro. Não teve também mais debate e o Marçal cresce com debates, ele faz os recortes, esse hiato não foi proposital, mas aconteceu, ele perdeu o palco. Comentamos sobre a ida dele a El Salvador e, no final, ele não trouxe algo significativo dessa viagem. Eu diria que foi uma semana bastante perdida para o Marçal", diz.
Nunes em recuperação
Com Marçal em atrito, Nunes parece ter se recuperado entre os eleitores que declaram ter votado em Bolsonaro. Ele tem 39% das intenções de voto, empatado com o adversário do PRTB que tem 42%.Há uma semana, na última rodada do Datafolha, Marçal tinha 48% ante 31% do candidato à reeleição.
O novo resultado pode indicar, segundo a presidente do Ideia, que a depender de como evolua a campanha, o eleitor bolsonarista pode se alinhar a Nunes independentemente da posição do ex-presidente.
"Nunes começou a subir na espontânea. Isso quer dizer que ele está ficando mais conhecido. E a avaliação da administração dele melhorou, para um incumbente é fundamental que as pessoas avaliem bem o governo pata continuar. O Nunes entrou com uma avaliação bastante baixa, mas falta ainda que as pessoas reconheçam o trabalho que ele está fazendo e melhore essa avaliação".
Segundo o Datafolha, o prefeito Nunes oscilou para cima, de 10% para 14%, na espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados aos eleitores. Na Futura, o candidato à reeleição lidera com 24% das menções de voto. O instituto de pesquisas do grupo Folha também mostrou que, entre os entrevistados, 31% consideraram a gestão Nunes como ótima ou boa, o que antes eram 26%.
O novo Datafolha também foi visto pela especialista como positivo para a campanha de Boulos. O candidato do PSOL oscilou positivamente dois pontos percentuais entre os paulistanos que ganham até dois salários mínimos.
"Acampanha dele nesse sentido tem dado efeito. Com relação a Boulos ficar menos radical é um movimento que ele precisa fazer para atrair eleitores indecisos. E vai ganhar essa eleição quem conquistar esses eleitores. Me parece que o caminho que o Boulos está fazendo nesse momento é bastante eficaz", diz Schulman.
Nesse cenário em que a tendência pode ser da força do incumbente contra o seu opositor, representado na figura de Boulos, a especialista observa que fica difícil para outras candidaturas crescerem, como a de Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB). No Datafolha, eles somaram 6% e 8% das intenções de voto, respectivamente. E pontuaram com 7,2% e 5,8% na pesquisa da Futura Inteligência.
"Temos que ver se o Marçal vai dar uma desidratada ou não. Uma dificuldade que tem é quando o candidato começa a cair, porque ele tem que estabilizar para depois voltar a crescer. E quando o candidato começa a cair, cair, a tendência é cair mesmo", afirma a presidente do Instituto de Pesquisa Ideia. "Tem que ver o que vai acontecer com ele, se o eleitor bolsonarista vai dar um voto útil no Nunes. Isso ainda temos que ver com as próximas pesquisas, acompanhar o cenário e ainda tem bastante campanha pela frente".
Próximo debate em SP
Neste domingo, 15, ocorre o quinto debate eleitoral. O evento será realizado pela TV Cultura,às 22h, com transmissão direta do Teatro B32, no Itaim Bibi, zona oeste da capital paulista. De acordo com a organização, estarão presentes Boulos, Datena, Nunes, Marçal, Marina Helena (NOVO) e Tabata. O que também deve movimentar as pesquisas da próxima semana.