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Quero um vice da produção, ligado ao Sudeste do Brasil, diz Ciro Gomes

O pré-candidato disse que já convidou Josué Gomes, presidente da Coteminas e filho de José Alencar (vice-presidente no governo Lula), para ser seu vice

Ciro: eu gostaria de escolher alguém da produção ligado ao Sudeste brasileiro, Minas Gerais, São Paulo (Adriano Machado/Reuters)

Ciro: eu gostaria de escolher alguém da produção ligado ao Sudeste brasileiro, Minas Gerais, São Paulo (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de abril de 2018 às 12h13.

São Paulo - O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência pelo PDT, disse ao Estado que convidou Josué Gomes, presidente da Coteminas e filho de José Alencar (vice-presidente no governo Lula), para ser vice em sua chapa. Josué é considerado também o vice ideal pelo PT. Para Ciro, uma aliança com o PT é "possível e até desejável", mas "improvável".

Ciro ainda falou sobre o trio de formuladores econômicos de seu programa de governo - Mauro Benevides Filho, Nelson Marconi e Mangabeira Unger -, defendeu a revogação da reforma trabalhista e se comprometeu com a da Previdência. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Quem o sr. imagina para vice?

Eu gostaria de escolher alguém da produção ligado ao Sudeste brasileiro, Minas Gerais, São Paulo.

Já tem nomes?

Tem nomes.

Josué Gomes da Silva, da Coteminas, é um deles?

É sim, com certeza. Somos amigos há anos. Fui amigo do pai dele, José Alencar. Eu já disse a ele: se quiser, é dele.

O sr. tem conversado com o ex-prefeito Fernando Haddad. Há chance de aliança com o PT?

É possível e até desejável, mas muito improvável. Nesse momento existem variáveis pendentes de definição. Do ponto de vista do PT, a mais grave, e eu tenho que respeitar isso com toda dignidade, é o momento que eles estão vivendo. Seu principal líder preso e eles constrangidos a uma solidariedade que ainda afirma a candidatura do Lula, mesmo preso e inelegível. Olho com respeito o tempo do PT, mas toco minha bandinha.

Até onde vai essa solidariedade? A bandeira 'lula Livre' vai fazer parte da sua campanha?

Minha solidariedade pessoal deriva de um fato histórico. Não conheci Lula pela televisão. É um velho camarada de mais de 30 anos, com quem já tive discordâncias, mas trabalho junto há mais de 16 anos. Fui ministro dele. Dói no meu coração ver um ex-presidente que fez tanto bem ao País preso. A política, entretanto, tem uma crueldade. Nossa responsabilidade é com o futuro de 206 milhões de pessoas. Minha solidariedade não me tira a disciplina de produzir uma alternativa para o Brasil, independentemente do destino do Lula e do PT.

Mas o sr. vai levar a bandeira do 'Lula Livre' para a campanha?

Eu gostaria de ver o Lula livre dentro dos mecanismos da democracia e do estado de direito. Não me parece ser a providência mais razoável fazer um acampamento com palavras de ordem insultando o Judiciário às vésperas do julgamento. Das duas uma: ou você confia nas instituições e recorre a elas para corrigir injustiças ou não confia.

É a favor da revisão da possibilidade de prisão em 2ª instância?

O mundo civilizado inteiro garante apenas dois graus de jurisdição para crimes comuns. É muito raro que se dê a um julgamento de crime comum quatro graus de jurisdição. O correto era corrigir a distorção institucional que, hoje, garante quatro graus de jurisdição.

Como avalia decisão do PT de manter a candidatura do Lula, mesmo como ele preso?

Há limite para isso. É preciso respeitar o tempo do PT. Acredito que o PT vai ter candidato próprio e não vai convergir em uma unidade no primeiro turno.

Como avalia o fator Joaquim Barbosa?

É a novidade do momento. Ele entra com a biografia do juiz do mensalão. Esteve por um ano no horário nobre da Globo esgrimindo decência e moralidade, que é uma grande demanda. A mim me parece que não basta ser decente e dar exemplo de combate à corrupção. É preciso responder à questão da saúde, da educação e da violência.

Teme que Barbosa ocupe espaço na centro-esquerda?

Não posso temer isso, pelo contrário. Tem um ditado no Ceará que diz: quanto mais cabra, mais cabrito. Não me sinto incomodado com a presença de um homem como Joaquim Barbosa ou de uma mulher como a Marina (Silva), mas não vou me omitir de denunciar o fascismo de uma candidatura 'bolsaloide'. Tenho o dever de proteger nossa nação dessa coisas que na Alemanha deram no Hitler.

Que reformas o sr. defende, quem será o ministro da Fazenda?

Antes que meu patrão, o povo brasileiro, me dê a tarefa, não posso adiantar ministro. Mas tenho alguns nomes que estão me ajudando. Três nomes que estão coordenando o programa. Mauro Benevides Filho, ex-secretário de Fazenda do Ceará. Trabalha comigo há muitos anos. O outro é o professor Nelson Marconi, da FGV de São Paulo. Ele coordena o programa como um todo. E há uma figura polêmica para quem não o conhece profundamente, Mangabeira Unger.

O que pretende fazer sobre a reforma trabalhista?

Não vou para cima do muro. A reforma trabalhista tem que ser revogada pura e simplesmente. Esta representa uma aberração selvagem.

E a reforma da Previdência?

O Brasil não pode ter medo de se reformar.

O sr. defende algum tipo de privatização?

O Brasil precisa um projeto nacional de desenvolvimento. A privatização deve ser uma ferramenta. Mas como pode o Brasil imaginar privatizar a Eletrobrás? Para mim é um crime.

Há quem se preocupe com o temperamento do sr. durante a campanha.

Sou o que sou, um indignado. Fui criado a maior parte da minha vida em escola pública no interior do Ceará. Tem colegas meus que morreram em uma prisão. Se expresso com um pouco mais de calor a minha indignação, ok, são essas as manchas do meu paletó. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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