São Paulo – A demora de Dilma Rousseff para definir o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) transformou a escolha em mais uma queda de braço entre Congresso e Planalto. A trama já se arrasta há mais de oito meses e a expectativa é de que seja concluída nos próximos dias.
Na semana passada, o presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou que nenhuma indicação com a “digital do PT” para a vaga deixada por Joaquim Barbosa seria aprovada pelo Senado.
A presidente Dilma Rousseff é responsável pela nomeação do novo ministro, mas a efetivação depende da aprovação do Senado.
Por enquanto, Dilma Rousseff poderá fazer outras quatro indicações para o STF. No entanto, o Congresso está analisando a chamada “PEC da Bengala”, que aumenta de 70 para 75 anos a idade máxima para a permanência dos ministros em tribunais superiores.
Se aprovada, os ministros do STF que estão próximos da faixa de idade só se aposentariam em 2018. Em outros termos, esta pode ser a última vez que Dilma decide o nome de um ministro para o STF.
Desde julho do ano passado, quando Joaquim Barbosa se aposentou do cargo, não faltaram nomes para as apostas de quem seria seu substituto. Veja quem são os mais cotados até agora:
Marcus Vinicius Coêlho
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) desde 2013. É formado pela Universidade Federal do Piauí, com doutorado em Direito Processual pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Ele seria o favorito do presidente do Senado, Renan Calheiros.
Mauro Campbell
Ministro do Supremo Tribunal de Justiça desde junho de 2008. É formado em Ciências Jurídicas pelo Centro Universitário Metodista Bennett, no Rio de Janeiro. Teria o apoio do ex-deputado Sigmaringa Seixas e dos ministros Eduardo Cardoso (Justiça) e Eduardo Braga (Energia).
Luiz Edson Fachin
Professor titular de Direito Civil da Universidade Federal do Paraná. È doutor em Direito Civil pela PUC de São Paulo. Ele já teria sido cotado no passado para outras vagas no STF. Até semana passada, ele era a principal aposta de interlocutores do governo, mas seu nome teria sido barrado por Calheiros.
Heleno Torres
Professor de Direito Tributário e Direito Financeiro na Universidade de São Paulo. É conselheiro do Conselho Superior de Assuntos Jurídicos e Legislativos (Conjur), conselheiro da Câmara de Arbitragem da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e conselheiro da Câmara de Arbitragem da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FECOMERCIO). Ele já foi cotado para a vaga do ministro Carlos Ayres Brito há dois anos.
Eugênio Aragão
É subprocurador-geral da República desde agosto de2004, mas integra o Ministério Público Federal desde 1987. Formado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB), é doutorando em Direito Internacional Público pela Ruhr-Universität Bochum, Alemanha.
Benedito Gonçalves
É ministro do Superior Tribunal de Justiça desde 2007. Como Barbosa no STF, ele é o único ministro negro no STJ. Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele já foi cotado para outras vagas do Supremo.
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1. Brigas de Vossas Excelências
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1/11 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
São Paulo - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Joaquim Barbosa, confirmou nesta quinta-feira que vai se aposentar antecipadamente e deixar a corte em junho. Barbosa ocupava uma cadeira no
Supremo desde 2003, mas foi com a exposição do
mensalão que seu temperamento forte ficou conhecido do público em geral. No mais longo julgamento penal da história da Corte, foram frequentes os embates com o ministro Ricardo Lewandowski, mas Barbosa trocou ou distribuiu farpas até com jornalistas. Veja a seguir algumas das brigas protagonizadas por ele.
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2. Com Luís Barroso
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2/11 (Gervásio Baptista/STF)
Data: 26/02/2014 Motivo: em sessão que analisava os recursos do mensalão chamados de embargos infringentes, o presidente do STF se irritou quando Luís Roberto Barroso disse que as penas de formação de quadrilha haviam sido desproporcionais. "A sua decisão não é técnica, ministro, é política", afirmou. "A fórmula já é pronta, vossa excelência já tinha antes de chegar ao tribunal? Parece que sim", acusou Barbosa.
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3. Com Lewandowski 1
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3/11 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Data: 15/08/2013
Motivo: Em mais uma discussão com o vice-presidente do STF, Ricardo Lewandowski, Barbosa o acusou de fazer "chicana" no Tribunal, isto é atrapalhar ou atrasar o andamento de um processo. “Estamos com pressa para quê? Nós queremos fazer justiça”, disse Lewandowski. “Para fazer nosso trabalho, e não chicana, minsitro”, foi a resposta de Barbosa.
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4. Com Lewandowski 2
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4/11 (Nelson Jr./STF)
Dia: 12/11/12 Motivo: Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski trocaram acusações devido à inversão da ordem do julgamento do mensalão. “Eu não aceito surpresas, senhor relator. Não é possível procedermos desta forma", disse Lewandowski. Ao que Barbosa respondeu: “O que surpreende é o joguinho. Eu que estou surpreendido com ação de obstrução de Vossa Excelência".
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5. Com jornalista
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5/11 (Nelson Jr./STF)
Data: 05/03/2013
Motivo: Abordado pelo jornalista Felipe Recondo, do jornal O Estado de S. Paulo, Joaquim Barbosa respondeu de maneira ríspida e mandou o repórter "chafurdar no lixo". "Presidente, como o senhor está vendo...", perguntou Felipe. "Não estou vendo nada. Me deixa em paz, rapaz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre", respondeu Barbosa
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6. Com Lewandowski 3
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6/11 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Dia: 12/09/12 Motivo: Lewandowski falava da importância de se fazer a "contraposição entre a acusação e a defesa" e acabou irritando Barbosa, que disparou: "Vossa Excelência está, por um acaso, insinuando que eu não fiz isso?"."Longe de mim", respondeu Lewandowski. Barbosa ainda acusou Lewandowski de fazer "jogo de intrigas" e pediu que votasse de maneira "sóbria".
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7. Com Lewandowski 4
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7/11 (José Cruz/ABr)
Data: 26/09/12 Motivo: o motivo da discussão foi a atuação de Emerson Palmieiri, ex-tesoureiro do PTB, no mensalão. Barbosa interrompeu o voto de Lewandowski e disse: "Nós, como ministros do Supremo, não podemos fazer vista grossa a respeito do que consta nos autos". Ao que o ministro respondeu: "Vossa excelência não me dirá o que tenho que fazer. E, por favor, não me dê conselhos."
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8. Com Lewandowski 5
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8/11 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Data: 16/08/12 Motivo: A discussão começou porque Lewandowski se opôs à metodologia de realizar o julgamento por núcleos, como na denúncia, o que Barbosa defendia. Lewandowski disse que Barbosa estaria concordando com a tese do Ministério Público, de acusação. “Isso é uma ofensa. Não venha Vossa Excelência me ofender também”, retrucou Barbosa. “Como sabe da minha ótica, se jamais conversou comigo sobre isso?.
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9. Com Gilmar Mendes
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9/11 (Nelson Jr./SCO/STF)
Dia: 22/04/2009 Motivo: Ao divergirem em um julgamento no STF, Gilmar Mendes disse que Barbosa "não tem condições de dar lição a ninguém". Sem deixar barato, Joaquim Barbosa responde, pedindo respeito: "Vossa excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso".
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10. Com Lewandowski 6
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10/11 (José Cruz/Agência Brasil)
Dia: 02/08/12 Motivo: Lewandowski se mostrava a favor de desmembrar o processo a pedido do advogado de um dos réus – o que atrasaria o julgamento. Já Barbosa disse que seria “irresponsável voltar a discutir essa questão". “Me causa espécie que tratemos dessa questão agora. Isso é deslealdade”, disse Barbosa. Lewandowski retrucou: “me causa espécie que sua excelência queira impedir que eu me manifeste. Acho que é um termo forte que sua excelência está usando".
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11. Agora, veja quanto alguns políticos merecem de confiança do mercado
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11/11 (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)