Quem é o pastor indígena que foi preso na fronteira com a Argentina
José Acácio Sererê Xavante, que estava foragido, foi capturado na fronteira após descumprir medidas judiciais e fugir para a Argentina
Agência de notícias
Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 13h46.
José Acácio Sererê Xavante, uma das figuras mais conhecidas dos movimentos bolsonaristas que antecederam os ataques de 8 de janeiro em Brasília, foi detido na noite de domingo, 22, na região de fronteira entre o Brasil e a Argentina, em Foz do Iguaçu (PR). As informações são do portal g1. Ele é considerado foragido pela Justiça. A prisão foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do descumprimento das medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.
Ainda segundo o g1, Sererê passará por uma audiência de custódia nesta segunda-feira, por videoconferência.
Sererê foi preso em 2022 por sua participação em protestos antidemocráticos em Brasília, que incluíam atos de vandalismo ligados ao movimento bolsonarista. A detenção ocorreu em 12 de dezembro daquele ano, após ele ser acusado de ameaçar integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) , invadir um aeroporto e convocar pessoas armadas para impedir a diplomação de Lula. Em setembro de 2023, foi liberado da prisão com a condição de usar tornozeleira eletrônica, mas violou essa medida e fugiu para a Argentina, onde buscava asilo político.
O GLOBO tentou contato com a defesa, mas ainda não obteve retorno. Procurada, a Polícia Federal também não se pronunciou sobre o caso.
Envolvimento em protestos e crimes antidemocráticos
Em 2022, Sererê se envolveu em uma série de manifestações antidemocráticas em Brasília. Ele foi acusado de incitar a violência e convocar pessoas armadas para impedir a diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva e atacar ministros do STF, como Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou sua prisão temporária, alegando que ele estava utilizando sua posição de cacique para incitar crimes e ameaçar a ordem democrática, o que levou à sua detenção.
Histórico de condenação por tráfico de drogas
Antes de ser preso por envolvimento nos protestos antidemocráticos, Sererê já havia sido condenado em 2008 por tráfico de drogas. Ele foi condenado a quatro anos e oito meses de reclusão em regime fechado, após ser flagrado com cocaína, que as autoridades alegaram ser para comercialização. Sua defesa tentou reverter a condenação, apresentando pedidos de habeas corpus, mas a sentença foi confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), embora tenha sido determinada a transferência do indígena para uma unidade próxima de sua aldeia, conforme o Estatuto do Índio.