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Quem é Marcos do Val, senador que acusa Bolsonaro de pressioná-lo por golpe

Parlamentar capixaba disse que Bolsonaro tentou coagi-lo a dar um golpe de estado e anunciou que vai renunciar ao mandato

Marcos do Val: o senador também se notabilizou na CPI da Covid, em 2021 (Waldemir Barreto/Agência Senado/Flickr)

Marcos do Val: o senador também se notabilizou na CPI da Covid, em 2021 (Waldemir Barreto/Agência Senado/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 2 de fevereiro de 2023 às 08h38.

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) anunciou na madrugada desta quinta-feira que vai renunciar ao cargo e voltar a morar nos Estados Unidos. O parlamentar tornou sua decisão pública após ter dito, em uma live, que Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a dar um golpe de estado. De acordo com o capixaba, a iniciativa do ex-presidente foi recusada e denunciada às autoridades competentes.

Natural de Vitória (ES), Marcos do Val é um militar do exército Brasileiro no 38º Batalhão de Infantaria. O senador de 51 anos, no entanto, tornou-se famoso como instrutor de agentes de segurança pública e privada.

Com esta qualificação, Marcos do Val fundou uma empresa - o Centro Avançado em Técnicas de Imobilizações (Cati) - e ofereceu cursos para agentes da Swat, Nasa, FBI, Navy Seals e Vaticano, conforme consta no site oficial do senador.

Marcos do Val também era frequentador de programas de auditório, nos quais demonstrava as habilidades que ensinava em cursos dados a "mais de 120 corporações policiais e de segurança espalhadas por diversos países como EUA, China, França, Espanha, Luxemburgo, Bélgica, Itália, Portugal, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Equador, Colômbia, Brasil e outros".

Eleito na onda do bolsonarismo, em 2018, Marcos do Val faz sucesso nas redes sociais. O nome dele consta em um levantamento feito pelo GLOBO com base em dados do Facebook e Instagram que ranqueou os parlamentares mais influentes.

O capixaba aparece no topo dos nomes mais fortes no Instagram, com taxa de interação de 2,9 milhões e 826 mil seguidores. marcos do Val está à frente de Damares Alves (Republicanos-DF), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Flávio Dino (PSB-MA) e Romário (PL-RJ).

No Facebook, Marcos do Val aparece na quinta posição, atrás de Humberto Costa (PT-CE ), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Eduardo Girão (Podemos - CE) e Magno Malta (PL-ES).

Nas últimas semanas, o senador capixaba travava embates com o novo governo federal. Em 13 de janeiro, cinco dias após os atos golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, Marcos do Val acusou a gestão Lula de deixar "a tragédia acontecer" e anunciou que pediria o afastamento e a prisão do ministro.

Marcos do Val também se notabilizou na CPI da Covid, em 2021. O senador integrava a tropa de choque do ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante o interrogatório do irmão do ex-deputado Luís Miranda (DEM-DF), o capixaba e ex-parlamentar discutiram e chegaram se esbarrar. Outros senadores precisaram intervir para que os dois não chegassem às vias de fato.

Denúncia contra Bolsonaro nas redes sociais

A declaração do senador foi dada durante uma live nas redes sociais. "Eu ficava puto quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é logico que eu denunciei", afirmou do Val.

Após a transmissão, Marcos do Val usou sua conta no Instagram para reforçar o que havia declarado anteriormente. O parlamentar capixaba comunicou sua "saída definitivamente da política".

"Perdi a convivência com a minha família em especial com minha filha. Não adianta ser transparente, honesto e lutar por um Brasil melhor, sem os ataques e as ofensas que seguem da mesma forma. Nos próximos dias, darei entrada no pedido de afastamento do senado e voltarei para a minha carreira nos EUA", escreveu o senador.

Marcos do Val também alegou ter perdido a "paixão" por sua atividade parlamentar, lembrou que teve um problema de saúde, "chegando a sofrer um princípio de infarto", e que vem sofrendo ofensas pesadas e que afetam até mesmo sua família.

"Desculpem, mas meu tempo, a minha saude até a minha paciência já não estão mais em mim! Por mais que doa, o adeus é a melhor solução para acalmar o meu coração", finalizou.

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