A baixa votação de Hauly no ano passado quase o impediu de retornar à Câmara. Ao cassar Deltan, o TSE determinou que os votos deveriam ser computados ao partido (Cleia Viana/Agência Câmara)
Agência de notícias
Publicado em 10 de junho de 2023 às 09h59.
Última atualização em 10 de junho de 2023 às 10h00.
Substituto de Deltan Dallagnol (Podemos-PR) na Câmara por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que formou maioria a seu favor nesta sexta-feira, Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) já ocupou o cargo de deputado federal pelo Paraná por sete mandatos consecutivos, entre 1991 e 2019. Nesse período, foi filiado a MDB, PP e PSDB, sigla na qual permaneceu por 26 anos. Agora, está no Podemos.
Hauly tentou voltar à Casa nos pleitos de 2018 e 2022, mas não teve desempenho suficiente nas urnas. Na eleição do ano passado, somou pouco mais de 11 mil votos. Em 2010, havia conquistado 110 mil votos.
A baixa votação de Hauly no ano passado quase o impediu de retornar à Câmara. Ao cassar Deltan, o TSE determinou que os votos deveriam ser computados ao partido. Entretanto, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) considerou que Hauly, o segundo mais votado do Podemos, não tinha alcançado o mínimo de votos que cada candidato precisa ter e deu a vaga para o PL.
O Podemos recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) e conseguiu reverter a decisão. O ministro Dias Toffoli deu uma decisão na quarta-feira determinando que Hauly deveria ser empossado como substituto. A decisão de Toffoli foi validada nesta sexta pela maioria dos ministros da Corte, mas o julgamento só termina à 0h, período no qual os magistrados ainda podem rever suas posições.
A reviravolta levou Hauly de volta ao cargo que ocupou por mais de duas décadas. Antes da carreira na Câmara, o paranaense foi vereador e prefeito de Cambé (PR), sua cidade natal que fica na Região Metropolitana de Londrina.
Também disputou, sem sucesso, quatro vezes a prefeitura de Londrina. Foi, ainda, secretário de Fazenda nos governos estaduais de Álvaro Dias (Podemos), na década de 1980, e de Beto Richa (PSDB), entre 2011 e 2013.
Hoje deputado federal pelo PSDB, Richa foi alvo da Lava-Jato, operação comandada por Deltan. Na Câmara, Richa recebeu elogios públicos em diversos discursos de Hauly ao longo de seus mandatos.
Recém-filiado ao Podemos, Hauly fez campanha no ano passado ao lado de Álvaro Dias e Deltan, que chegou a gravar um vídeo em que chama o ex-tucano de exemplo de vida pública. Em entrevistas recentes, Hauly tem afirmado que defende os mesmos princípios do ex-coordenador da força-tarefa da Lava-Jato na agenda anticorrupção e na pauta conservadora. Mas está na área econômica sua principal bandeira: a reforma tributária.
Economista, o substituto de Deltan foi um dos idealizadores da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 110, de 2019, em tramitação no Senado. O texto extingue nove tributos e cria um imposto sobre o valor agregado de competência estadual, chamado de Operações com Bens e Serviços (IBS) e outro de competência federal, batizado de Imposto Seletivo. A PEC é uma das propostas com apoio do atual governo federal, defendidas pelo secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy.
Mesmo sem mandato, Hauly passou a atuar pela aprovação da proposta por meio do movimento Destrava Brasil, voltado para uma reforma tributária no país. Opositor de Lula e favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, ele já declarou que a pauta o une ao atual governo. Ainda na agenda econômica, Hauly foi relator da proposta que deu origem à Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, de 2006