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Queiroz diz que deu "satisfação" a Flávio Bolsonaro sobre rachadinha

Em depoimento, o ex-assessor disse que não se recordava de ter entrado em contato com Jair Bolsonaro após a repercussão do caso

Queiroz prestou depoimento no inquérito que apura a suspeita de vazamento da Operação Furna da Onça (Nelson Almeida/AFP)

Queiroz prestou depoimento no inquérito que apura a suspeita de vazamento da Operação Furna da Onça (Nelson Almeida/AFP)

AO

Agência O Globo

Publicado em 4 de agosto de 2020 às 07h08.

Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 09h47.

Em depoimento ao Ministério Público Federal enquanto ainda estava preso em Bangu 8, Fabrício Queiroz afirmou que teve contato com o então deputado Flávio Bolsonaro para dar "satisfação" sobre o caso da rachadinha.

O ex-assessor falou na condição de testemunha, que não lhe dá direito de permanecer em silêncio, no inquérito que apura a suspeita de vazamento da Operação Furna da Onça. As informações foram divulgadas pelo Jornal Nacional.

"Eu tive um contato com o senador — ele não era senador, era deputado, mas já estava eleito. Eu dei satisfação a ele do que aconteceu. Ele estava muito chateado, revoltado. Ele falou: 'Não acredito que tu tenha feito isso, não acredito'.

O ex-assessor disse que não se recordava de ter entrado em contato com Jair Bolsonaro após a repercussão do caso.

Queiroz também disse ao MPF que "esperava" ser nomeado para trabalhar no gabinete de Flávio no Senado ou no do então presidente eleito Jair Bolsonaro no fim de 2018, antes de vir a público o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentações atípicas no valor de R$ 1,2 milhão nas suas contas.

"Com um ou com outro", respondeu, ao ser questionado pelo procurador. O MPF então pergunta: "Em Brasília?". "Era o certo, não é? Acho que sim. Só se eles não quisessem”, responde Queiroz.

Esse foi o segundo depoimento prestado por Queiroz desde que foi preso na Operação Anjo, deflagrada no último dia 18 de junho - ele foi preso em um imóvel pertencente a Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. Na segunda, ele também foi ouvido pela Polícia Federal e deu declarações de teor semelhante.

A investigação do MPF apura suspeitas de vazamento na Operação Furna da Onça - o empresário Paulo Marinho disse que a equipe de Flávio Bolsonaro recebeu um vazamento da Polícia Federal do Rio avisando que foram detectadas movimentações financeiras atípicas de Queiroz e que ele foi demitido do seu cargo por isso.

O ex-assessor disse que não chegou a conversar com Flávio sobre uma possível nomeação ao Senado. "Apenas esperava que isso viesse a ocorrer devido aos bons serviços que prestou durante a candidatura", afirmou.

Queiroz voltou a dizer que não teve conhecimento desse vazamento e que sua saída do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa no Rio se deu a pedido dele próprio, como havia dito em depoimento à Polícia Federal.

Também afirmou que tomou conhecimento apenas pela imprensa, no início de dezembro, do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou que movimentação de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017 em suas contas.

Foi por causa da expectativa de ir para Brasília que Queiroz pediu demissão, ainda em outubro, do seu cargo no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e deu entrada em seu pedido de aposentadoria na Polícia Militar do Rio.

A expectativa, porém, não se concretizou. Em seu primeiro depoimento, Queiroz afirmou à PF como justificativa para seu pedido demissão, que estava "cansado" de trabalhar como assessor político e que iria cuidar de problemas de saúde.

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