Queda de braço pelo Coaf divide Senado em MP da reforma
Na última semana, a MP que reduz o número de ministérios só foi aprovada após um recuo da base governista
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2019 às 06h38.
Última atualização em 27 de maio de 2019 às 06h46.
A semana política será marcada por um esforço final de articulação do governo para aprovar medidas provisórias perto de perder a validade. A principal delas éa Medida Provisória 870/2019, que reduz o número de ministérios de 29 para 22, e foi aprovada na última quinta-feira na Câmara . A aprovação só foi possível porque a base governista cedeu e tirou do texto o trecho que alterava os limites de atuação de auditores da Receita Federal.
A versão aprovada pela Câmara tirou o Coaf (órgão que controla atividades financeiras) do Ministério da Justiça e o devolveu à Economia, numa derrota para o governo. Ainda assim, o presidente Jair Bolsonaro pediu que o Senado aprove a versão enviada pelos deputados, evitando que o texto tenha que retornar à Câmara e corra o risco de caducar.
De acordo com a constituição, as MPs passam a ter força de lei assim que são publicadas no Diário Oficial da União, mas para continuarem vigorando, precisam ser votadas por deputados e senadores em até 120 dias. O prazo final para a MP da reforma administrativa ser votada é 3 de junho.
Ainda assim, líderes do PSL, o partido do presidente, tentarão devolver o Coaf às mãos do ministro da Justiça, Sergio Moro. O PSD, do ex-ministro Gilberto Kassab, também vai tentar reverter a decisão da Câmara, votando para que o Coaf continue sob o guarda-chuva de Moro. “O Coaf no Ministério da Justiça vai dar condição de o Moro investigar profundamente a lavagem de dinheiro, evasão de divisas e uma série de coisas”, disse o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA).
Além da falta de articulação que vem dificultando a aprovação das pautas do governo, outros fatores podem complicar a aprovação das MPs. Na última sexta-feira, 24, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (PSB-PE), que é também relator da reforma administrativa e responsável por intermediar as decisões sobre o Coaf e a Receita Federal, teve um total de 258 milhões de reais bloqueados. A ação se deu a pedido do Ministério Público Federal em uma ação de improbidade administrativa inserida no contexto da operação Lava-Jato. É mais um episódio a mostrar que os holofotes estarão no Senado nos próximos dias.