Episódio Bebianno fortalece núcleo militar no governo
Depois de muito vaivém, a exoneração do ministro deve sair hoje, no mesmo dia em que Bolsonaro volta a dar expediente no Planalto
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 04h40.
Última atualização em 18 de fevereiro de 2019 às 12h22.
Após um intenso período de acertos e desacertos, a exoneração do ministro da Secretaria-geral, Gustavo Bebianno , deve acontecer ainda nesta segunda-feira, 18. Segundo fontes próximas ao governo e de acordo com declarações do próprio ministro, a única coisa que falta para oficializar a saída é sua publicação no Diário Oficial. Todo o episódio é uma mancha na imagem anticorrupção com a qual o presidente foi eleito e o início de uma nova leva de incertezas. Afinal, Bebianno vai cair atirando no governo?
Ainda na última sexta-feira, a informação que se tinha era que, mesmo com o escândalo da candidatura laranja que envolve o ministro revelada pelo jornal Folha de S.Paulo, Bebianno seria mantido no cargo. O acerto tinha sido anunciado pelo ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, e a decisão havia partido do próprio presidente.
Com a repercussão do caso durante o final de semana, entretanto, a manutenção de Bebianno no posto parece ter caído por terra. Dentro do governo, a queda do ex-presidente interino do PSL e coordenador da campanha de Bolsonaro é tão certa que nomes para substituir o ministro já começam a surgir.
Para além da possibilidade da própria extinção do cargo de secretário-geral, militares e membros do PSL estão de olho na pasta. Todavia, o azedume deixado por Bebianno deverá condicionar o posto, caso se mantenha, a um militar.
Nessa frente, o nome mais cotado para assumir a função é o do atual secretário-executivo do ministério, Floriano Peixoto. O militar é general da reserva do exército brasileiro e comandou a missão de paz no Haiti entre 2009 e 2010. Ainda nesse governo, Peixoto chegou a comandar uma vistoria minuciosa nos contratos de publicidade da união, medida que foi prometida por Bolsonaro durante a campanha.
Além de Peixoto, o também general da reserva e atual líder daSecretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) do ministério,Maynard Marques, também é visto como postulante ao cargo. Em entrevistas recentes, o próprio vice-presidente Hamilton Mourão declarou que gostaria de assumir um cargo administrativo dentro do governo, o que também faz dele um dos possíveis nomes a ocupar a Secretaria-geral.
O escândalo que deve derrubar Bebianno surgiu a partir de uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo no último domingo, 10.De acordo com a reportagem, Bebianno, então presidente interino do PSL, teria sido o responsável por liberar fundos do partido a uma candidatura laranja que recebeu 400 mil reais em dinheiro público no estado do Pernambuco. Acandidatura obteve apenas 276 votos.
No Twitter, Bolsonaro afirmou ontem estar “determinado a mudar os rumos do país”. A partir de hoje, ele volta a dar expediente no Planalto. É uma oportunidade para colocar a promessa em prática — para além do conforto das redes sociais, de preferência.