Stand da operação acolhida em Roraima (Alexandre Manfrim / Governo Federal)
Agência de notícias
Publicado em 6 de setembro de 2024 às 11h29.
Última atualização em 6 de setembro de 2024 às 11h35.
Mais de 800 mil pessoas no Brasil moram em domicílios coletivos, que são residências em instituições regidas por normas administrativas, como presídios, orfanatos, asilos, alojamentos e clínicas. De acordo com o Censo 2022, dentro dessa categoria há 24.110 pessoas em abrigos ou repúblicas assistenciais destinados à grupos vulneráveis. Quase um terço (30%) dessa população está no estado de Roraima, que é destino de muitos venezuelanos refugiados.
Nos últimos anos, a rota de migração de venezuelanos para Roraima tem crescido diante da crise econômica e política na Venezuela. A maioria dos imigrantes entram pela fronteira em Paracaima, ao norte do estado, que recebe um fluxo de cerca de 400 venezuelanos por dia.
Segundo a Casa Civil, 192 mil venezuelanos entraram no Brasil em 2023, aumento de 18% em relação ao ano anterior. Em Roraima há oito abrigos e três alojamentos que atendem essa população de refugiados.
Segundo o Censo 2022, 7.331 pessoas moram em abrigos para grupos vulneráveis em Roraima, valor que representa 30% das 24.110 pessoas que vivem nessa condição em todo o Brasil. Depois de Roraima, São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro são os estados com mais população nesses abrigos.
O Censo identificou que 837 mil pessoas, ou 0,4% da população, têm como residência principal esses domicílios coletivos. Em 2010, eram 682 mil brasileiros nessa situação, o que representa que houve um aumento de 22%.
Os moradores de penitenciárias são a grande maioria: 479 mil, mais da metade do total. Para ter sido considerado um residente nesses casos, o Censo contabilizou pessoas que já têm condenação ou que estavam há pelo menos 12 meses preso. Assim, adotou-se um padrão, já que a população carcerária é bastante dinâmica.
Em seguida, o tipo com mais moradores foi “Asilo ou outra instituição de longa permanência para idosos”, com 161 mil pessoas, ou 0,1% da população brasileira. Mais de 80% dessas pessoas estão no Sul e no Sudeste do país, regiões mais envelhecidas e com maior oferta dessas instituições.
Essa é a primeira vez que o IBGE divulga dados de idade, sexo e alfabetização dos moradores destes tipos de domicílios. Assim, observou-se que 96% dos moradores de penitenciárias são homens. Os asilos são os únicos domicílios coletivos onde as mulheres são maioria: 59.8%
Entre a distribuição regional, algumas concentrações se destacam. Como o caso de São Paulo, que tem a metade de todos os moradores de abrigos destinados à população de rua. A estatística reflete a posição do estado no ranking do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da UFMG. Segundo esse levantamento, das 300 mil pessoas em situação de rua no país, 80 mil estariam no estado paulista.
A estatística divulgada nesta sexta, 6, junto com a de domicílios improvisados não consegue mensurar a população de rua, pois não é o objeto do Censo. Mas os números revelam traços da realidade de populações vulneráveis.